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UTAD avança com projecto de «ciber-enfermarias»

A Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD) está a disponibilizar junto dos hospitais da região as ajudas técnicas e novas tecnologias para deficientes e doentes acamados. A ideia é criar «ciber-enfermarias» nos hospitais.

A Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD) está a disponibilizar junto dos hospitais da região as ajudas técnicas e novas tecnologias para deficientes e doentes acamados, revelou hoje fonte ligada ao projecto.

A sociedade de informação oferece uma série de soluções para a melhoria da qualidade de vida e uma maior autonomia destas pessoas, que, ou por falta de conhecimento ou de oportunidade, ainda não têm fácil acesso a estes recursos.

O departamento de engenharias da UTAD lançou no final de 1999 um projecto-piloto, único no país, através do qual está a disponibilizar o equipamento necessário, criando «ciber-enfermarias» nos hospitais de Vila Real e Chaves, numa fase inicial.

Uma nova ajuda com recurso a tecnologias abriu na semana passada no hospital de Macedo de Cavaleiros e a próxima unidade será instalada no hospital da Régua, pretendendo-se que o projecto venha a ser alargado a outros hospitais da região, como disse à Lusa Francisco Godinho, o responsável pelo projecto.

A primeira a beneficiar da novidade do Hospital Distrital de Macedo de Cavaleiros foi uma menina de 13 anos, internada na enfermaria de isolamento do serviço de ortopedia, que dali manteve o contacto com a sua escola, escrevendo para os amigos, via Internet.

A Internet é apenas um dos exemplos do que estes recursos podem fazer por doentes paraplégicos ou deficientes que não dispõem de movimentos essenciais no seu corpo.

Nas enfermarias dos hospitais contemplados foram colocados dois computadores portáteis, um de secretária e acesso à Internet, via televisão, que são complementados com o equipamento necessário para cada caso específico, como um aparelho para ligar a televisão ou para mexer no teclado do computador ou ratos accionados pela menina do olho.

Poder jogar, comunicar para o exterior e a autonomia que estes recursos proporcionam são importantes no combate ao «stress» e à solidão de que sofrem estes doentes, na opinião do responsável pelo projecto.

Algum do equipamento vai rodando pelo hospitais conforme as necessidades tendo já sido utilizado por três jovens, uma mulher adulta e um paraplégico, em Vila Real, e uma menina, em Macedo de Cavaleiros, enquanto que em Chaves ainda não houve necessidade de o utilizar.

Alguns doentes ficam durante anos presos a uma cama de hospital ou em suas casas, mas os casos mais graves não se concentram no interior mas sim nos hospitais centrais do Litoral, de acordo com Francisco Godinho.

Em qualquer caso, estes doentes poderão também beneficiar das soluções, não só nos hospitais mas também em suas casas, havendo para o efeito financiamentos do Ministério da Ciência e da Tecnologia, que apoia o projecto desenvolvido pela UTAD, no âmbito das cidades digitais.

«O médico pode prescrever o equipamento necessário, mas precisa de ajuda técnica, porque sabe prescrever próteses e cadeiras de rodas, mas não sabe prescrever estas soluções», considerou, adiantando que, o papel da equipa da UTAD é prestar apoio técnico nestas situações.

O projecto-piloto da Universidade de Trás os Montes, com um orçamento de 25 mil contos, termina no final do ano, mas existem já perspectivas para a sua continuação, pretendendo-se abranger outros hospitais e alargar a sua divulgação a outras instituições.

«Nomeadamente instituições ligadas à deficiência e centro de emprego, bem como à sociedade civil», afirmou o responsável pelo projecto, com a finalidade de criar centros de recursos e disponibilizar mais informação sobre as soluções existentes.

A informação sobre o projecto e as ajudas técnicas e novas tecnologias esta também disponível na página da Internet onde os utilizadores do equipamento têm oportunidade de aprender a dar os primeiros passos na «auto-estrada da informação».

Redação