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Ultra-som detecta problemas em filhos de cardíacos

Os exames de ultra-som podem indicar, precocemente, sinais de doenças cardíacas em filhos de pais que sofreram um enfarte, diz pesquisa realizada em Itália e publicada na revista «New England Journal of Medicine».

Uma pesquisa realizada pelo Hospital Cardarelli de Nápoles, Itália, e publicada na revista New England Journal of Medicine, mostrou que exames de ultra-som podem indicar sinais de doenças cardíacas em filhos de pais que sofreram um enfarte.

Os cientistas analisaram 80 pessoas, com idades compreendidas entre os seis e os 30 anos, divididas em dois grupos. Num dos grupos, os pais tinham sofrido um enfarte prematuro (antes dos 60 anos); no outro, os pais eram saudáveis.

Em 11 por cento das pessoas do primeiro grupo verificou-se que as paredes dos vasos sanguíneos estavam a ficar mais grossas, o que pode provocar o aparecimento da arterioesclerose, uma doença degenerativa determinada pelo depósito de gordura nas artérias e que compromete a irrigação do coração.

«O ultra-som das carótidas (artérias localizadas no pescoço que levam sangue da aorta para o cérebro) pode reflectir o estado das coronárias», disse o cardiologista Ari Timerman, presidente da Fundação do Coração (Funcor). «É um exame simples, indolor e nada invasivo».

Saúde dos filhos deve ser vigiada

«Esse estudo ainda é superficial», disse Jayme Diament, cardiologista do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP. «O universo pesquisado foi pequeno. Mas é mais um dado para que se dê atenção a esses casos hereditários».

Ainda não existe um medicamento capaz de desobstruir totalmente os vasos sanguíneos. «Não dá para dizer com 100 por cento de certeza que essas pessoas terão problemas cardíacos no futuro. É preciso acompanhar esse grupo até a idade adulta», disse.

Além do factor genético, é importante que os pais fiquem atentos a outros problemas que possam levar os filhos a se tornarem adultos com problemas das coronárias, para o queal contribuem o colesterol alto, obesidade, sedentarismo, hipertensão e má alimentação.

«Pais que já sofreram ataques cardíacos devem manter os filhos sob controle médico. É um trabalho de prevenção que deve ser feito em conjunto com os profissionais da área», diz Diament. Quanto mais os factores de riscos forem modificados, maiores serão as hipóteses de evitar o surgimento da doença. Entre esses factores estão as mudanças nos hábitos alimentares.

Um desses factores que podem ser alterados é a alimentação. A dieta de uma criança deve conter fibras, proteínas e hidratos de carbono. As gorduras não devem ultrapassar 25 por cento do total de alimentos consumidos. A prática de exercícios físicos também tem papel importante na prevenção dos distúrbios das coronárias, assim como exames periódicos ao colesterol e à pressão arterial.

Redação