O Instituto Superior Técnico e a Carris participam num projecto europeu para desenvolver um autocarro movido a pilha de combustível, a testar no serviço de transportes públicos de passageiros em Lisboa, Berlim e Copenhaga.
O projecto, financiado pela Direcção Geral de Energia e Transportes da Comissão Europeia, deverá estar concluído em 2002 e será a primeira experiência europeia a utilizar hidrogénio líquido.
A acompanhamento do desempenho do autocarro que, durante dois meses, deverá circular em Lisboa cabe ao Instituo Superior Técnico (IST) que disporá, em tempo real, de acesso a todos os dados que se pretendem controlar.
A pilha de combustível é um dispositivo electroquímico que converte, sem qualquer combustão, energia de um determinado combustível em energia eléctrica.
O resultado desta conversão directa apresenta um rendimento elevado e não poluente, uma vez que a pilha de combustível produz apenas electricidade, calor e água.
Por outro lado, o hidrogénio é um recurso praticamente inesgotável.
«São precisas respostas que permitam diminuir a quase total dependência dos combustíveis ligados ao carbono, que trazem problemas ambientais já identificados, como o efeito de estufa», afirmou Jorge Esteves, do IST, que apresentou o projecto num seminário sobre gás veicular, em Lisboa.
«O gás natural pode ser um elemento de transição entre a era fóssil, que vivemos hoje, e a era do hidrogénio, que será dominante dentro de 50 ou cem anos», explicou em declarações à Agência Lusa.
Os veículos movidos a pilha de combustível são silenciosos e a pilha não tem órgãos mecânicos, o que reduz os custos de manutenção.
Quanto às desvantagens, por enquanto a maior é o seu preço elevado, podendo, contudo, uma introdução em larga escala reduzir os custos de produção.
O gás natural poderá, segundo Jorge Esteves, ser uma fonte viável para extrair hidrogénio a curto prazo, enquanto energias como a solar não são produzidas em larga escala.
O gás natural veicular (GNV) é uma tecnologia corrente em quase todos os países europeus mas que só agora começa a entrar em Portugal.
A utilização de gás natural como combustível proporciona economia a dois níveis. Por um lado, o gás natural custa cerca de 70 por cento menos do que o gasóleo.
Em termos ambientais, as vantagens são também óbvias: as emissões de monóxido de carbono do GNV são 70 por cento inferiores às dos veículos a gasolina, as emissões de hidrocarbonetos não metânicos (HCnM) são 88 por cento menores e as de óxidos de azoto 80 por cento inferiores.
Actualmente, circulam autocarros a gás natural no Porto (75 veículos) e em Braga (10 unidades), devendo entrar em breve em circulação em Lisboa 20 autocarros idênticos, estando também previstas experiências em Aveiro e Almada.