Um dispositivo óptico, capaz de mudar a direcção de propagação de um feixe de luz, está a ser desenvolvido na Universidade de Pernambuco (UFPE), no Brasil. Um proteína bacteriana está na origem desta criação.
O deflector óptico (ou chave óptica) utiliza uma proteína estudada há anos -bacteriorodopsina -, capaz de absorver luz e fazer aumentar a capacidade de transmissão de dados por fibra óptica. Um protótipo do deflector já está a ser desenvolvido.
A bacteriorodopsina é produzida pela bactéria Holobacterium salinarium, encontrada em ambientes salinos, ou sintetizada em laboratório. Para a realização do protótipo do deflector, a proteína foi dissolvida em água e colocada numa caixa rectangular de vidro, de poucos centímetros, para os primeiros testes.
Os investigadores pretendem elaborar, a partir do líquido, um filme de cinco micrometros de espessura, que será colocado numa pequena placa de vidro. Quando um feixe de luz passar a película de proteína, um laser (chamado feixe de controle) que incide fixamente sobre o filme provocará a deflexão da luz, direccionando-a para o ponto desejado. Em função da variação da sua intensidade, o feixe de laser altera toda a direcção do outro feixe.
A deflexão (na foto) ocorre porque, quando submetida à luz, a bacteriorodopsina sofre uma mudança na sua estrutura molecular, mudando a posição dos átomos. Para além disso, a sua capacidade de induzir vários efeitos, como a deflexão ou a mudança de cor, fica bastante elevado.
A chave totalmente óptica pode substituir os deflectores utilizados actualmente, que convertem na entrada o sinal óptico electrónico para transmiti-lo. À saída, ele é novamente transformado em sinal óptico. Além disso, o novo deflector é mais rápido e adapta-se a qualquer taxa de transmissão de informação.
Os sistemas electrónicos só acompanham transmissões até cem gigabites. Os dispositivos ópticos podem alcançar capacidades da ordem de terabites (mil vezes maiores que um gigabite).
O novo dispositivo pode melhorar o sistema de transmissão de dados de centrais telefónicas, que até agora chegavam por cabos de fibra óptica e precisavam de ser direccionados para os seus destinos.
Para Anderson Gomes, investigador da (UFPE), o grande desafio das telecomunicações é «tornar o roteamento da luz completamente óptico»