A decisão de Moscovo de afundar a estação orbital Mir em Fevereiro, devido à escassez de meios financeiros, é lamentada pelos cosmonautas e criticada por dois terços dos cidadãos russos.
O executivo russo decidiu o fim da estação orbital na quinta-feira, mas as reacções não se fizeram esperar e são, maioritariamente negativas.
Vasili Tsiblíev, chefe do centro russo de preparação de cosmonautas, diz que esta é uma situação que todos lamentam.Tsiblíev salienta não só a perda do laboratório espacial e dos seus equipamentos, mas que a Rússia deve continuar a caminhada espacial na nova Espação Espacial Internacional.
Fazendo coro com Tsiblíev, que comandava a estação durante o seu pior momento de vida, em 1997, cosmonautas como Anatoli Soloviov (que comandou a equipa responsável das reparações mais urgentes em 1997), acham que «a estação poderia continuar em funcionamento mais três anos».
Também a empresa que gere a Mir, a MirCorp, não concorda com a decisão do governo russo e prepara-se para tentar contrariar o fim da estação orbital.
A própria opinião pública russa também discorda da morte da estação espacial. Através de uma sondagem difundida pelo centro sociológico Romir-Gallup, 61,7 por cento dos inquiridos acham que o governo deve encontrar medidas para manter a estação orbital em funcionamento.
Mais, 45,3 por cento dos entrevistados rejeitam que o fim da Mir acabe com o papel da Rússia como potência espacial.
Depois de 5.487 dias em órbita, 26 mil experiências e três mil avarias a bordo, se tudo correr como previsto, a Mir precipitar-se-à sobre o Pacífico a 28 de Fevereiro.
Militares afirmaram que pode ser enviada uma equipa, em Janeiro, para preparar a última missão da estação.
A Mir já tem uma longa história de sucessos e dificuldades. Teve 28 tripulações, das quais, 16 permaneceram vários meses a bordo. O russo Valeri Poliakov alcançou 438 dias de permanência, e outro cosmonauta russo, Serguei Avdéyev, acumulou 747 dias, 14 horas e 13 minutos no espaço, durante três voos.