ciencia

Alexandre Quintanilha aprova iniciativa francesa

Alexandre Quintanilha, director do Instituto de Biologia Molecular e Celular do Porto, concorda com a iniciativa francesa de autorizar a investigação com embriões para fins não reprodutivos. «Os embriões não são pessoas», disse.

O director do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) do Porto, Alexandre Quintanilha comentou de forma favorável o anúncio feito hoje pelo primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, no sentido de autorizar a investigação com embriões.

Quintanilha afirmou à Lusa que «não considero os embriões pessoas», explicando assim por que concorda com a intenção de Jospin em fazer aprovar legislação para autorizar a investigação com embriões humanos em França.

Jospin anunciou hoje que este tipo de pesquisas será autorizado para «melhorar as técnicas de reprodução assistida» e a investigação farmacêutica. A «clonagem reprodutiva», no entanto, continua a ser proibida.

O primeiro-ministro francês explicou que o texto do projecto-lei pretende estimular o «desenvolvimento da investigação relacionada com as células

percursoras obtidas a partir do cordão umbilical».

O cordão umbilical contém células totipotenciais, ou seja, indiferenciadas, em estado embrionário que, se devidamente manipuladas, podem dar origem a células necessárias para reparar danos hepáticos, cardíacos, ou noutros tecidos, constituíndo uma das esperanças dos cientistas para tratar muitas doenças.

Na opinião de Alexandre Quintanilha, «a ética não é uma revelação, é construída pelos cidadãos que querem viver numa sociedade melhor».

O primeiro-ministro socialista francês falava no âmbito das jornadas anuais de ética organizadas pelo Comité consultivo nacional de ética, confirmando que um projecto-lei sobre bioética, revendo a legislação actual - de 1994 -, será apresentado em Conselho de Ministros em Março, para apreciação parlamentar no segundo trimestre de 2001.

Uma vez que a legislação de 1994 interdita a investigação em embriões, Lionel Jospin sublinhou que a autorização para experiências aplicar-se-á apenas a embriões supranumerários actualmente congelados.

Redação