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Espécies que desaparecem para sempre

O mundo perde duas espécies da sua diversidade animal em cada semana. Um estudo realizado pela FAO, em colaboração com a PNUMA, conclui que um terço das espécies animais domésticas está em vias de extinção.

A cada semana que passa, o mundo perde duas espécies da sua diversidade animal, e um terço das 6.400 raças de mamíferos e aves registadas em 170 países está em vias de extinção. Tudo isto foi denunciado esta terça-feira pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, segundo noticia a CNN.

«Nos últimos 100 anos perdemos quase mil espécies», afirmou Keith Hammond, especialista da FAO em Recursos Genéticos de Animais. «As nossas recentes descobertas mostram que as espécies animais domésticas continuam ameaçadas: actualmente um terço corre risco de extinção».

Os dados, bastante alarmantes, sobre a situação dos animais domésticos foram publicados num estudo, realizado em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, PNUMA, e divulgado pela FAO.

Gado bovino, cabras, ovelhas, búfalos, porcos, cavalos, coelhos, frangos, perus, patos, gansos, pombos, até ostras, fazem parte da lista de animais do relatório.

«Sem uma acção adequada, um vasto número de raças de animais domésticos em risco de extinção pode desaparecer nas próximas duas décadas», conclui o estudo.

Dados concretos sobre as espécies ameaçadas

O banco de dados da FAO para os recursos genéticos dos animais domésticos contém informações sobre 6.379 tipos de 30 espécies de mamíferos e aves.

Há dados disponíveis sobre a densidade de população de 4.183 espécies, das quais 740 já se extinguiram e 1.335, ou 32 por cento, estão classificadas como de alto risco de desaparecimento ou ameaçadas de extinção.

Segundo o estudo, desde 1995, o número de espécies de mamíferos em risco de extinção aumentou de 23 para 35 por cento, desde que os países ampliaram a vigilância e actualizaram os seus dados sobre recursos genéticos animais.

A situação das aves é ainda mais séria, já que a percentagem total das que correm risco de extinção passou de 51 por cento em 1995 para 63 por cento em 1999, assinalou a entidade.

Na América Latina, cerca de 20 por cento das espécies classificadas são consideradas em risco. A percentagem total de espécies de pássaros em risco de extinção passou dramaticamente de 5 por cento em 1995 para 45 por cento em 1999.

«Estes números são alarmantes e é preciso levar a cabo muitos esforços para impulsionar a defesa dos recursos genéticos em perigo. Temos que entender melhor esta situação, ao que parece, muito grave", afirmou a FAO.

Novas espécies surgem, outras desaparecem para sempre

«A diversidade dos animais domésticos é única e insubstituível», afirmou Hammond. «Embora a nova biotecnologia possa tentar melhorar as raças, é impossível substituir a diversidade perdida. O desaparecimento da diversidade é definitivo, já que a biotecnologia não será capaz de regenerar a diversidade se esta se perder».

Para os especialistas das Nações Unidas, a ameaça maior para a diversidade dos animais domésticos é a exportação de animais dos países desenvolvidos para aqueles em vias de desenvolvimento, a qual leva ao cruzamento de raças ou inclusive substituição das espécies locais.

«Nos países em desenvolvimento, as raças procedentes dos países industrializados continuam a ser consideradas como as mais produtivas. O problema é que esses animais, na sua maior parte, estão acostumados às condições dos países de origem e têm dificuldades para resistir ao ambiente, em geral rigoroso, dos países em desenvolvimento».

«Calculamos que os camponeses se servem ainda de 4 mil das espécies que restam no mundo, mas só 400 delas estão sujeitas a programas para criá-las, a maior parte das quais nos países desenvolvidos», explicou Hammond.

Os animais domésticos são fundamentais para a alimentação e a agricultura. São eles os responsáveis por 30 a 40 por cento do valor económico global do sector agrícola, advertiu a FAO.

Redação