A primeira sequência completa do genoma de uma planta, foi hoje apresentada em Bruxelas. A partir de agora é possível saber porque é que umas folhas são maiores do que as outras. A descoberta também beneficia o Homem.
Depois do Homem, a planta. Foi hoje apresentada a primeira sequência genética de uma planta. Após nove anos de investigação, uma equipa de 114 cientistas de 15 países conseguiu identificar o conjunto dos cromossomas de uma planta.
A descoberta representa um importante avanço na Genómica, o ramo da
Bioquímica que investiga o genoma dos seres vivos.
A «planta modelo» utilizada na investigação é da família das couves e da mostarda e cresce nos caminhos e muros de jardim. O seu nome cientifico é «Arabidopsis thaliana».
Esta planta foi escolhida porque tem um genoma pequeno, desenvolve-se facilmente em laboratório, produz várias sementes e adapta-se facilmente a qualquer clima, crescendo em regiões tão variadas como o quente e húmido Equador ou o frio e seco Árctico.
A investigação permitiu sequenciar 115 milhões de pares de bases que codificam cerca de 26 mil genes. Este número representa , «mais do que qualquer outro dos genomas completamente sequenciados até agora», segundo a Comissão Europeia.
Descoberta importante para o Homem
Esta descoberta permite conhecer melhor os vegetais, nomeadamente, como se defendem dos organismos daninhos ou das doenças. Possibilita também conhecer a interacção das plantas com o meio ambiente, além de trazer «oportunidades para aplicações futuras nos sectores médico, agrário, industrial e do meio ambiente».
Segundo o investigador espanhol, Javier Paz-Ares, do Centro Nacional de Biotecnologia de Madrid, a partir de agora poderão conhecer-se, por exemplo, quais são os genes que determinam a forma de uma folha ou quais os que participam na determinação do tamanho de um fruto.
«É só uma parte da enciclopédia»
O cientista Marc Zabeu, do Instituto de Biotecnologia da Universidade de Gante (Bélgica), comparou a descoberta à «leitura completa de um livro que faz parte de uma enciclopédia», que seria o conhecimento dos genomas de todas as plantas.
O executivo comunitário assegurou que os investigadores encontraram semelhanças surpreendentes com o genoma dos animais e dos humanos, o que aponta para uma grande variedade de aplicações futuras em sectores como a medicina ou a engenharia genética.
Este projecto de investigação custou 20 milhões de contos e foi financiado com cinco milhões da União Europeia.
A partir de quinta-feira, a sequência do genoma desta planta estará disponível gratuitamente para a comunidade científica internacional.