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Portugal vai investir 68 milhões de contos até 2006

Portugal vai investir 68 milhões de contos, até 2006, em projectos de desenvolvimento científico-tecnológico com aplicação industrial, contra os 2,6 milhões investidos entre 1994 e 1999. O Fundo de Coesão e Estruturação Europeu será o grande financiador.

Portugal vai investir 340 milhões de euros (68 milhões de contos) até 2006 em projectos de desenvolvimento científico-tecnológico com aplicação industrial, contra apenas 13 milhões de euros (2,6 milhões de contos) investidos entre 1994 e 1999.

Do total a aplicar até 2006, 75 por cento será financiado pelo Fundo de Coesão e Estruturação Europeu.

Estes dados do IAPMEI - Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento - foram divulgados, no Porto, no âmbito das IV Jornadas Internacionais Cofanor/APBio - O Impacto da Biotecnologia, e ilustram a recente pujança do sector e, nomeadamente, da investigação em biotecnologia.

De acordo com indicadores da Associação Portuguesa de Capital de Risco, o investimento em biotecnologia atingiu, este ano, os 15 milhões de euros (três milhões de contos), cerca de 5,0 por cento do fundo de capital de risco disponibilizado pelo Ministério da Economia.

Impacto nacional na biotecnologia europeia

Segundo o responsável máximo da Biotecnol, empresa que opera no sector da biotecnologia farmacêutica, «já há claramente impacto da indústria nacional na biotecnologia europeia», depois de, nos anos 80 e 90, o hiato entre a vertente industrial e a investigação se ter traduzido num reduzido índice de investimento empresarial.

Um «divórcio» que Pedro Noronha Pissarra atribui à «falta de comunicação entre as esferas comercial e industrial» e ainda à própria «estrutura da indústria farmacêutica portuguesa».

«Há que criar linhas de investigação que se coadunem com a estrutura empresarial do país», considerou, salientando que a afirmação da investigação em biotecnologia portuguesa tem sido possível mercê de parcerias entre universidades e empresas e à concretização de joint ventures entre companhias.

De acordo com Pedro Pissarra, as previsões do IMS - Internacional Market Service apontam para que o mercado mundial de biotecnologia valha 450 mil milhões de dólares (101,7 mil milhões de contos) em 2004, contra os actuais 30 mil milhões de euros (seis mil milhões de contos).

«Super» bio-empresas

No ano passado, na Europa, operavam no mercado cerca de mil bio-empresas, responsáveis por quase 46 mil postos de trabalho, tendo sido investidos 2,8 mil milhões de euros (560 milhões de contos) em Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (IeDT), mais 36 por cento do que em 1998.

Nos Estados Unidos da América, as mesmas mil empresas então existentes absorviam 153 mil trabalhadores, realizaram um investimento próximo dos 8,5 mil milhões de euros (1,7 mil milhões de contos) e produziram cerca de 16 mil milhões de euros (3,2 mil milhões de contos).

O presidente da Cofanor - Cooperativa dos Farmacêuticos do Norte, António Nogueira, destacou o «potencial enorme» das empresas biotecnológicas, muitas das quais já presentes no mercado de capitais, e nomeadamente cotadas no índice tecnológico norte-americano Nasdaq, com «crescimentos fantásticos».

«São cada vez mais as empresas com potencial e viabilidade», afirmou, salientando que «a massa crítica portuguesa existente é mais do que suficiente e tem que ser apoiada pelo organismos estatais, e não só pelos privados, como tende a acontecer».