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Ciência sem fronteiras contra universidades «arcaicas»

Durante quatro dias, cerca de 200 cientistas portugueses a trabalhar no estrangeiro vão trocar experiências entre si e com os colegas que se mantêm no país. Manuel Paiva, professor em Bruxelas, queixa-se da estrutura «arcaica» das universidades portuguesas.

A Universidade de Faro recebe a partir da tarde de sábado e durante quatro dias quase duas centenas de investigadores portugueses, quase todos a trabalhar no estrangeiro, no III Forum Internacional de Investigadores Portugueses..

Manuel Paiva, professor de física na Universidade de Bruxelas, deixou Portugal há mais de 30 anos. Desencantado com o país, naturalizou-se belga e trabalha no domínio da medicina espacial.

Como ele, outros cientistas portugueses têm optado por ficar no estrangeiro, pois as universidades nacionais pouco os entusiasmam. «Pelo que tenho visto, as estruturas nas universidades ainda são extraordinriamente arcaicas», contou o professor à TSF.

Segundo o cientista, «aquilo que aconteceu em França e na Bélgica em 68 - e que terminou com a estrutura chamada mandarinato», que se caracteriza pela rigidez, «ainda existe um bocadinho aqui».

Manuel Paiva pertence à organização deste Forum, cujo objectivo é, por exemplo, a troca de ideias em áreas como a matemática, a física, a engenharia ou as ciências do comportamento. O encontro pretende ainda incentivar os jovens cientistas a, no futuro, não abandonarem Portugal.

Na opinião do professor, há «portugueses com alto nível, sobretudo neste geração, e que têm dificuldades em voltar para Portugal», depois de terem começado as carreiras no estrangeiro.

«É preciso que mantenham o contacto», alerta o físico português. Caso contrário, «quando chegarem aos 30, 40 anos», habituados a «condições excepcionais de trabalho», perdem a «vontade de voltar».

Redação