É necessário que a Europa prossiga os seus esforços no domínio espacial se quiser opor-se à vontade de hegemonia norte-americana. A ideia vem expressa num relatório oficial francês, divulgado esta quinta-feira.
A Europa tem de prosseguir os seus esforços no domínio espacial, caso queira opor-se à vontade de hegemonia norte-americana, segundo um relatório oficial francês divulgado esta quinta-feira.
Assim, a Europa deve melhorar o lançador pesado Ariane-5, alargar a gama de vaivéns, aperfeiçoar as instalações do Centro espacial na Guiana Francesa, em Kuru, e estudar a abertura do programa espacial a foguetões estrangeiros, nomeadamente aos Soyuz russos, segundo o gabinete parlamentar francês de avaliação das escolhas científicas e tecnológicas.
O relatório considera que é vital para a Europa «preservar a sua capacidade de acesso ao espaço, por razões políticas e comerciais». Isto, face aos norte-americanos, que cada vez mais desejam estabelecer um monopólio neste domínio.
Europa já é uma potência espacial
Porém, na quarta-feira, o comissário europeu para a Investigação, Philippe Busquin, e o responsável da Agência Espacial Europeia (ESA), Antonio Rodotá, asseguraram que a Europa já é uma potência espacial.
Os responsáveis deram o exemplo da participação europeia na construção da Estação Espacial Internacional (EEI), marcada pela presença do italiano Umberto Guidoni no complexo. Guidoni é membro da tripulação do vaivém Endeavour, que realiza actualmente a missão de instalar na EEI um braço robótico canadiano.
Busquin sublinhou que «a Europa pode confirmar-se hoje como uma potência espacial porque os estados europeus souberam, desde os anos 60, unir meios na investigação e desenvolvimento e coordenar esforços em grandes programas científicos».
Duas iniciativas importantes apontadas pelos dois responsáveis foram o programa de navegação por satélite Galileu e o de Controlo Mundial do Meio Ambiente e Segurança (GMES).
O comissário destacou também a importância da ESA, organismo em que estão representados todos os membros comunitários, incluindo Portugal, à excepção da Grécia e Luxemburgo.
Para Busquin é um facto que a Europa investe muito menos que os Estados Unidos no sector do espaço, mas também é certo que mesmo assim conseguiu alcançar uma quota de mercado de 50 por cento. Segundo o comissário, a indústria espacial europeia emprega 33 mil pessoas e tem um volume de negócios de 5.500 milhões de euros, cerca de 1.100 milhões de contos.
A Comissão Europeia e a ESA criaram um grupo de trabalho conjunto para aprofundar a cooperação entre ambas as instituições.