ciencia

Mulheres portuguesas utilizam tratamento «fraude»

Um tratamento do cancro da mama, falseado por um investigador da África do Sul, está a ser aplicado a várias mulheres portuguesas, diz hoje o Público. O médico oncologista,

A comunidade médica internacional terá sido enganada por um investigador da África do Sul. Depois da validação do novo método, vários países decidiram experimentar o tratamento. Portugal foi um deles. O problema é que foi provado que a pesquisa era uma fraude.

Nascimento Costa, responsável pela oncologia médica da Universidade de Coimbra, que utiliza o tratamento, desdramatiza a situação. O método é neutro, ou seja, não ajuda na sobrevivência dos doentes com cancro, mas está longe de ser perigoso.

«A recomendação internacional neste momento e todos os fóruns que debatem esta questão indicam que ela não é prejudicial, apenas não mostrou melhoras relativamente às terapêuticas convencionais, mas não invalida, antes pelo contrário, recomenda que continuem a ser feitos ensaios clínicos e investigação nesta área», disse à TSF o médico.

A quimioterapia em altas doses é também utilizada no IPO, em Lisboa. No passado o IPO do Porto utilizou o método, que foi depois abandonado, devido aos resultados decepcionantes e à recuperação difícil das doentes, afirmou ao Público, o Director do instituto da Invicta.

O estudo do sul-africano Werner Bezwoda cita 90 doentes que teriam participado na pesquisa. Uma equipa de especialistas norte-americanos só descobriu o registo de 61 casos que podem ter sido estudados pelo oncologista.

Do grupo investigado pelos cientistas apenas 25 tinham recebido realmente o tratamento da quimioterapia em altas doses. Os especialistas descobriram ainda o caso de três mortes que podem estar relacionadas com o tratamento.

Esta técnica implica a retirada de células da medula, antes de se iniciar a quimioterapia, para que mais tarde seja possível colocá-las de novo no organismo.

O transplante é necessário porque os fármacos vão destruir não apenas as células doentes, mas também as outras. É a razão pela qual a comunidade científica tem estado dividida, desde a década de 80, quanto à utilização deste tipo de tratamento.

Redação