A terapia para o tratamento ao cancro da mama, alegadamente falseada por um médico da África do Sul, que usa quimioterapia de altas doses e o autotransplante de medula, não será suspensa em Portugal se não se provar a sua ineficácia.
A terapia para o tratamento do cancro da mama que está sob suspeita, alegadamente falseada por um médico da África do Sul, Werner Bezwoda, e a ser aplicado a mulheres portuguesas, não será suspenso enquanto não se provar a sua ineficácia.
O secretário de Estado da Saúde, José Miguel Boquinhas, diz que se trata de «um protocolo que não é para já para parar». «Os resultados não são tão bons como o médico sul-africano anunciou, mas apesar de tudo são razoáveis e vamos aguardar com serenidade», anunciou.
José Miguel Boquinhas reagiu assim a uma notícia do «Público», sobre o falseamento de resultados de um estudo sobre a utilização de uma terapêutica para o cancro da mama, em que se recorre a quimioterapia de altas doses com suporte hemotopoético por autotransplante da medula.
Em Portugal, a terapia está a ser aplicada a algumas mulheres, apesar de usar fármacos e doses diferentes. O presidente do Conselho de Administração dos Hospitais da Universidade de Coimbra, um dos locais onde a terapia é aplicada, Paiva Carvalho diz que «se chegarmos à conclusão de que essa terapêutica não tem suficiente fundamentação de ordem bioclínica e de investigação na área da Oncologia, então, deixaremos de fazê-la».
Quanto ao método utilizado, o responsável pela Oncologia Médica dos HUC, Nascimento Costa, adianta que o protocolo seguido é diferente do utilizado pelo médico sul-africano e que os resultados preliminares são «bastante animadores».
Nascimento Costa sustenta que «não repete os protocolos cujos resultados são negativos». Até agora não há registo de «uma única morte tóxica» na sequência do tratamento.
«Este não é um tratamento standard mas é legítimo melhorar as expectativas destas mulheres e que se continue a investigação nesta área», acrescenta o responsável de Oncologia.
Os resultados do método apresentados pelo oncologista Werner Bezwoda foram postos em causa pela «American Society of Clinical Oncology».