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Cabular na internet está mais difícil

Os trabalhos da escola estão mais facilitados na era da internet. Nos Estados Unidos, vários alunos recorrem a sites especializados em trabalhos de fundo. É só fazer «copy-paste». Mas os professores já detectaram a manha e respondem na mesma moeda.

Um trabalho sobre o aquecimento global, uma dissertação sobre Kant ou uma composição sobre a Babilónia. Basta ir à internet e... está feito.

Nos Estados Unidos, abundam os sites especializados com trabalhos sobre centenas de assuntos. O estudante com falta de ideias, de tempo ou de vontade escolhe o tema e consegue, contra pagamento, dissertações que obtêm as melhores notas. Basta utilizar os comandos «copy-paste».

Direitos de autor mencionados

«Cheathouse.com»

Na «Cheathouse.com» (a casa das cábulas) poupam-se algumas noites em branco por menos de 2200 escudos por ano. O sítio, que afirma ser visitado diariamente por dois mil estudantes, proporciona 9500 composições.

«serve.com/doctor»

Teoricamente, é proibido utilizar uma citação ou um texto inteiro sem mencionar o seu autor. «Os trabalhos devem ser utilizados apenas como referências», adverte o site norte-americano «serve.com/doctor». «Vocês nunca devem apresentá-los como vossos porque se trata de plágio e é ilegal nalguns Estados», avisa o gestor da página. No entanto este tipo de advertência não dissuade os estudantes.

Universidades fazem contas à vida

A prestigiosa Universidade de Berkeley, concluiu que os casos de «copianço» duplicaram, entre 1994 e 1999.

Face à avalanche de truques, os professores decidiram ripostar. Os cábulas são facilmente identificáveis desde que o trabalho seja entregue em disquete ou enviado por correio electrónico.

Perto de Washington, um professor de Física da Universidade de Virgínia, Louis Blomfield, criou, numa tarde, uma «arma» que permite identificar os deveres suspeitos, quando enviados por

correio electrónico. O programa identifica frases idênticas com mais de seis palavras. Em cinco semestres, ele identificou 122 escritos «duvidosos» em 1500 trabalhos. Com este sistema, cerca de 60 estudantes podem ter os seus diplomas anulados ou recusados.

«Antes, era muito mais difícil copiar e também muito mais difícil identificar os plagiadores», explica Bloomfield, que descobriu que alguns alunos se tinham inspirado em colegas que tinham

«inocentemente, deixado o seu trabalho num computador».

Software gratuito

«www.plagiarism.com»

Barbara Glatt, professora de literatura, também criou um programa de computador que permite localizar os cábulas. Está em «www.plagiarism.com», disponível apenas em CD-ROM e custa 68 mil escudos. «Os professores precisavam de uma arma, em vez de descansarem sobre a sua subjectividade», explica a docente, garantindo que o seu site tem «milhares de clientes», não só nos Estados Unidos, mas também na Grã-Bretanha, na Índia ou no Canadá.

«Canexus.com»

No «Canexus.com», um outro sítio criado no ano passado, pode-se mesmo telecarregar um software que permite identificar, segundo o sítio, «todas as fontes de plágio na internet».

Para Bárbara Glatt, a luta contra os cábulas não é, na era da internet, um combate retrógado: «O objectivo do ensino é ensinar a pensar», e, quando se copia, «o processo de aprendizagem deixa de funcionar», conclui.

Redação