Um estudo realizado nos Estados Unidos mostra que os meninos que encontram armas de fogo tendem a experimentá-las. O estudo revelou também que as famílias pensavam que as crianças seriam capazes de distinguir uma arma verdadeira de uma falsa.
Um estudo realizado nos Estados Unidos divulgou esta semana que a maioria dos meninos que encontram uma arma de fogo escondida tende a manuseá-la e a apertar o gatilho.
Arthur Kellerman, professor de medicina de emergência na Universidade de Emory e um dos autores da pesquisa, afirma que «o interesse das crianças em armas é muito maior do que a percepção dos pais sobre o assunto».
«Cerca de metade dos meninos entrevistados não tinham noção do perigo porque não sabiam se a arma era verdadeira», sublinhou.
Os investigadores reuniram 64 meninos com idades compreendidas entre os 8 e os 12 anos, que foram posteriormente divididos em 29 grupos, de duas ou três crianças. Estas passaram 15 minutos numa sala, onde podiam ser observados pelos cientistas através de um espelho falso.
Nessa sala foi colocada uma secretária com uma arma verdadeira e duas pistolas de água guardadas nas gavetas. A pistola verdadeira foi equipada com um transmissor de rádio que emitia um sinal no caso do gatilho ser puxado.
Constatou-se que «quase três quartos das crianças encontraram a arma e dessas mais de três quartos a manusearam», segundo Howard Simon, médico da Children's Healthcare, de Atlanta.
O médico acrescentou ainda que «apenas um dos grupos de crianças deixou a sala sem mexer na arma e procuraram um adulto para contar o que viram».
O estudo revelou também que as famílias entrevistadas pensavam que a maioria das crianças seria capaz de distinguir uma arma verdadeira e evitaria manuseá-la.
Estudo com falhas
Em contraposição a estes factos, a National Rifle Association (NRA), uma organização que defende o direito constitucional ao porte de armas, vem afirmar que o estudo tem falhas, nomeadamente quanto à escolha do local: um hospital.
Os pesquisadores admitiram essa limitação no seu relatório, mas afirmaram que uma criança pode ter um comportamento igual tanto em sua casa como na casa de um amigo.
Este estudo só vem reforçar a recomendação da American Academy of Pediatrics no sentido de que a melhor forma de evitar mortes ou ferimentos é não ter armas em casa.
Outros estudos mostram que cerca de 400 crianças morrem por ano de tiros acidentais nos Estados Unidos e cerca de três mil são feridas. Oitenta por cento destes acidentes envolvem crianças e muitos desses tiros ocorrem quando descobrem uma arma em casa enquanto brincam com um irmão ou um amigo.