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Criar energia a partir do lixo no Brasil

Dois dos principais problemas da sociedade brasileira actualmente são a escassez de energia eléctrica e o escoamento do lixo, que poderiam ser resolvidos com uma acção combinada: o aproveitamento de resíduos.

A conversão de parte do lixo em energia eléctrica não é novidade. Já vários países adoptaram a medida há anos.

Até Julho de 2000, a produção de energia eléctrica era um monopólio estatal no Brasil, mas só agora, com a mudança do modelo institucional do sector eléctrico, se tornou possível a criação de energia eléctrica a partir do lixo com colaboração da iniciativa privada.

«Este é o momento para implementarmos a energia via lixo», afirma Sabetai Calderoni, professor da Universidade de S.Paulo, consultor da ONU, autor do livro «Os Bilhões Perdidos no Lixo», que já vai na sua quarta edição, e conhecido como um dos mais conceituados estudiosos em termos de meio ambiente, energia e lixo do país.

A energia eléctrica através do lixo gere-se de duas formas: pela compostagem da fracção orgânica e pela incineração da parte seca.

Segundo estudos de Sabetai, a parte orgânica representa cerca de 60 por cento do lixo domiciliar nacional, enquanto a porção seca fica em torno de 30 por cento.

Os restantes10 por cento são restos não aproveitáveis. Numa cidade que gera 350 toneladas de lixo por dia, as 210 toneladas de orgânicos forneceriam cerca de 2,5 mwatts. A parte seca, apesar de menor, produziria 3,5 MW devido ao maior poder calórico de seus componentes: borracha, madeira, plástico, papel.

Esses 6MW totais seriam suficientes para abastecer 60 mil residências. Em comparação com outras fontes de energia, uma vantagem do metano é a possibilidade de armazenamento do gás para a criação de energia eléctrica no horário de pico, entre 17h00 e 19h00.

Redação