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Denominação da broa de milho deve ser protegida

João Miguel Rocha, investigador português, defendeu hoje em Helsínquia a necessidade de criar uma denominação de origem protegida para a broa de milho, típica da região Norte de Portugal. Em causa está o método bioquímico deste tipo de pão.

O investigador da Escola Superior da Biotecnologia da Universidade Católica portuguesa João Miguel Rocha defendeu hoje em Helsínquia a necessidade de criar uma denominação de origem protegida para a broa de milho, típica da região Norte de Portugal.

Numa entrevista à agência Lusa, João Rocha, que está a desenvolver na Universidade de Helsínquia o método bioquímico para determinar os lípidos no processo da produção da broa de milho, disse que, à semelhança dos vinhos, também deve haver uma denominação de origem protegida para aquele tipo de pão.

Para isso, o investigador defendeu a caracterização dos lípidos da broa de milho do Norte de Portugal, permitindo assim a sua tipificação no espaço comunitário, para que não seja falsificado.

No seu entender, a criação das denominações de origem protegidas «permitirá definir as características do pão feito com a broa do milho e a sua região de origem no espaço comunitário».

«Se caracterizar-mos os lípidos em termos da microbiologia, as proteínas e o açúcar que existem no pão feito com a broa do milho, poderemos saber as suas características e denominar a região da sua produção na União Europeia (UE)», explica o investigador português, acrescentando que a caracterização dos lípidos permitem não só a tipificação da broa de milho, mas também das farinhas e da massa utilizada na sua produção.

«O meu trabalho na Finlândia tem tido grande aceitação, porque permitiu os meus colegas conhecerem as características do pão de broa de milho produzido em Portugal», disse o investigador português.

João Rocha frisou ainda a necessidade de promover o consumo de broa de milho em Portugal, porque - defende - «existem vantagens nutricionais em consumir este tipo de pão».

Segundo João Rocha, «os finlandeses tiveram no passado problemas a nível das doenças cardiovasculares, mas ao adoptarem a política do consumo de pão escuro (milho) conseguiram controlar o problemas destas doenças».

Por outro lado, «dados científicos demonstram que aumentando o consumo de pão de centeio pode diminuir o índice do surgimento das doenças cardiovasculares», sublinhou.

O investigador da Universidade Católica portuguesa defendeu ainda a criação em Portugal de uma política concertada entre o governo e os investigadores no sentido de alterar os comportamentos alimentares dos portugueses.

«É preciso uma intervenção política e educacional no sentido de aumentar o consumo do pão feito de broa do milho e o governo português deve promover incentivos económicos para que se produza mais pão feito com a broa de milho», defendeu.

Segundo o investigador, o governo português deveria incentivar os produtores implicados na produção e na venda do pão feito com broa de milho e promover uma política que incentive as restaurantes portugueses incluírem nas suas ementas este tipo de pão.

«Em Portugal quando almoçamos ou jantamos num restaurante, os empregados apresentam-nos sempre pão branco e não pão feito de broa de milho ou de centeio», explicou.

Redação