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Controvérsias da actualidade discutidas em Portugal

Catorze cientistas internacionais vêm a Portugal discutir com o público os problemas e dilemas actuais da ciência mundial. A iniciativa «Ciência Tal Qual Se Discute» começa dia 26 e decorre até Março de 2002.

Os resultados de uma investigação cientifica feita por um homem são diferentes dos de uma experimentação feita por uma mulher?

Esta é uma das questões que 14 cientistas vão discutir em Portugal durante um ciclo de sete conferências que só termina no próximo ano. Especialistas de universidades dos Estados Unidos, França, Inglaterra, Holanda, Itália, Áustria e Bélgica debatem os problemas actuais da ciência.

Para o ministro da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, esta é «a possibilidade de o público português contactar com os melhores especialistas do mundo» em cada uma das matérias. Também «é uma forma de mostrar ao mundo que em Portugal há um desenvolvimento e um interesse pelas questões de fundo da ciência actual», acrescenta.

A iniciativa vem no seguimento do ciclo de conferências realizado entre 1996 e 1998, sobre o tema «A Ciência Tal Qual se Faz» e que teve um êxito «assinalável».

O organizador, Fernando Gil, professor da Universidade Nova de Lisboa e da Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais, de Paris, garante que a discussão não será feita com palavras complicadas: «Não são só cientistas a falar para cientistas, a ideia é alargar ao máximo. Foi pedido aos colegas isso. Se no final alguma conferência for isso, ela falhou».

Este especialista português considera que o debate sobre o género da ciência será um dos temas mais controversos. «É uma questão candente», diz. O ministro da Ciência especifica que, actualmente, «há pessoas que de uma forma radical defendem que a ciência feita por homens ou feita por mulheres é diferente».

Segundo Mariano Gago «Portugal tem, juntamente com a Finlândia, a taxa europeia mais alta de participação feminina na ciência», sendo «raras as áreas onde as mulheres hoje estão em minoria».

O ciclo «Ciência Tal Qual se Discute» tem três vertentes de discussão: a estrutura interna da ciência, as suas fronteiras e as relações com a sociedade. A iniciativa destina-se a estudantes, professores do secundário e público em geral e começa no próximo dia 22, com uma conferência dedicada aos debates bioéticos e da evolução e criacionismo.

«A reflexão e debate são difíceis, mas interessam a muito mais gente do que parece», garante o ministro.

Redação