Psicólogos simpatizantes com os direitos dos homosexuais têm defendido que crianças com pais do mesmo sexo não são diferentes das outras, mas dois professores estão a pôr em causa a premissa num estudo que, ao mesmo tempo, agrada e desagrada aos activistas gay.
O novo estudo de dois sociólogos da Universidade da Califórnia do Sul refere que as crianças de pais gay ou lésbicos revelam maior empatia para a diversidade social, são menos limitadas por estereótipos do género e têm mais probabilidades de explorar a actividade homossexual.
«Dizemos que há algumas diferenças e que as pessoas têm evitado a confirmação dos seus receios de que isto pode inflamar a homofobia», diz Judith Stacey, que assina o estudo com Timothy Biblarz.
Alguns homosexuais receiam que o estudo, publicado na «Revista Sociológica Norte-Americana», dê argumentos aos opositores da adopção e custódia por homossexuais.
Contudo, dirigentes de grupos nacionais que apoiam as famílias homosexuais saudaram o estudo.
«Estou entusiasmada por estarem a enfrentar essas questões», disse Aimee Gelnaw, directora executiva da Coligação Dignidade Familiar, que está a criar um rapaz de 15 anos e a irmã de 5, com a sua parceira lésbica, em Oak Park, Illinois.
«Com certeza que as nossas crianças vão ser diferentes», acrescentou, adiantando: «Elas estão a crescer num contexto social diferente».
Kate Kendall, dirigente do Centro Nacional dos Direitos Lésbicos, com sede em São Francisco, está também a criar duas crianças com a sua parceira.
«Só há uma resposta a estudar se as crianças educadas por pais lésbicos e gays podem ser mais inclinadas a rejeitar noções de orientação sexual rígida - júbilo», diz Kendall.
Pediu às lésbicas e gays que afastem qualquer inquietação que o estudo lhes possa causar. «Se de facto os nossos filhos são alguém mais inclinado a identificar-se com lésbicas ou gays, se ficássemos envergonhadas com isso significaria que nos envergonhamos de nós mesmas».
Os autores do estudo não fizeram uma investigação própria, tendo re-analisado 21 estudos psicológicos realizados entre 1981 e 1988. O objectivo desses estudos era apurar se as crianças educadas por pais do mesmo sexo eram ou não diferentes das educadas por pais heterossexuais.