Decifrar o genoma da banana é o novo desafio de diversos cientistas de 11 países diferentes. O objectivo é criarem novas variedades resistentes às pragas e evitar o habitual recurso aos pesticidas, num prazo de cinco anos.
Vários cientistas uniram-se no projecto de criar novas variedades de banana resistentes às pragas, desde os centros de investigação do México e Brasil, até aos mais prestigiados institutos norte-americanos, britânicos e alemães. Todos parecem acreditar que a banana seja a terceira planta da qual se possui a sequência genética completa.
É que, apesar das numerosas variedades geneticamente modificadas, apenas duas outras plantas, o arroz e a «Arabidopsis», da família da mostardeira, revelaram aos cientistas o seu mapa genético.
Mas «o que é verdadeiramente importante neste trabalho não é a sequenciação do ADN, mas sim a exploração do potencial genético» desta fruta, explica Emile Frison, director da Rede Internacional para o Melhor Aproveitamento da Banana e da Planta Herbácea.
Banana no combate às pragas e aos pesticidas
Os cientistas vão estudar todas as variedades existentes da banana, de modo a averiguarem que tipo de modificações genéticas poderão ser efectuadas para proteger as colheitas contra o fungo «Black Sigatoka», que dizima as plantações, explicou Frison.
Além deste fungo, que afecta praticamente todas as regiões produtoras de banana, os fungos rasteiros, o gorgulho, os vermes parasitas e outros vírus ameaçam anualmente as produções. A única opção da indústria das bananas é mesmo recorrer a grandes quantidades de pesticidas, tornando-o no sector que mais utiliza produtos químicos deste género.
Assim, esta «é uma excelente oportunidade para tentar acabar com dois problemas: conseguir uma variedade resistente às pragas e eliminar os pesticidas que são utilizados», adiantou Frison.
Necessário analisar diversidade genética da banana
Apesar da banana ser uma das plantas mais sensíveis, os seus 11 cromossomas com cerca de meio milhão de pares de bases ou nucleótidos não colocam, à partida, grandes obstáculos aos cientistas, explica Frison.
Porém, antes de se conseguir decifrar o mapa genético da bananeira e descobrir onde radica a sua susceptibilidade às pragas, os cientistas têm de encontrar as variedades selvagens que ainda mantêm diversidade genética.
É que a banana já se cultiva há milhares de anos através de cruzamentos por reprodução vegetativa, o que fez com que as variedades actuais tenham perdido a diversidade genética necessária para garantir a protecção da planta contra as doenças.
De qualquer modo, os cientistas estão positivos e acreditam poder obter, num prazo de cinco anos, novas variedades que façam da banana uma planta resistente e livre de pesticidas.
Banana alimenta 500 milhões de pessoas por ano
Por ano, são produzidas cerca de 95 milhões de toneladas de banana a nível mundial, que se destina, nomeadamente, à alimentação de perto de 500 milhões de pessoas, na sua maioria em países pobres.
Boa parte dessa produção, destinada ao consumo nos Estados Unidos e na Europa, produz-se com baixo recurso aos pesticidas, mas é bastante susceptível às pragas. Ao contrário, nos países pobres, o recurso aos pesticidas encarece o produto, ao mesmo tempo que introduz doses elevadas de químicos no fruto.
A banana é considerada um alimento mais que benéfico para uma alimentação saudável, uma vez que contém altas doses de vitaminas A, C e B6, bem como elevados níveis de fósforo, potássio e cálcio.