O lançamento do «veleiro espacial» russo, que decorreu esta sexta-feira, foi um sucesso. Esta máquina funciona através do impulso do vento solar, podendo atingir velocidades muito grandes, através de uma forma de energia mais barata.
A Rússia lançou hoje um «veleiro espacial» que tem a particularidade de ser impulsionado pelo vento solar. Este é um protótipo das naves do futuro capazes de chegar a Marte ou a Júpiter, como explicaram os responsáveis do Ministério da Defesa.
O «veleiro espacial», mais conhecido por «Kosmos-1», foi lançado para o espaço às 04:31 de Moscovo (01:31 em Lisboa) através do lançador Volna (que significa Onda), a partir do submarino nuclear «Borisoglebsk», que navega no mar de Barents.
Segundo os porta-vozes da Frota do Norte, os responsáveis pelo lançamento, o «Kosmos-1» pousou no polígono militar de Kura, na península de Kamchatka, no extremo Oriente da Rússia, depois de ter realizado um voo de uma hora em órbita da Terra.
Para a Sociedade Planetária, a organização norte-americana que financiou esta experiência (com um custo de quase um milhão de contos), esta emissão foi um êxito, apesar de ter perdido contacto com o veleiro quando este entrou nas camadas densas da atmosfera terrestre.
Victor Kudriashov, que dirige o projecto, explicou que os cientistas russos estão a estudar há já duas décadas a utilidade do vento solar de forma a poder realizar voos interplanetários não tripulados aos lugares mais recendidos da galáxia.
Segundo os peritos russos, os veleiros espaciais podem ser a solução prática também para o primeiro voo tripulado a Marte, sobretudo enquanto não forem superadas as dificuldades tecnológicas para construir um foguetão capaz de pôr órbita a nave que chegue a Marte num voo de pelo menos dois anos.
O veleiro solar tem uma espécie de motor que funciona sem combustível, fazendo lembrar a máquina do movimento perpétuo. Este é o sonho dos inventores de todos os tempos.
«Ao contrário dos ventos que sopram na Terra, o vento solar é constante e não é mais que um fluido de micro-partículas que emanam do núcleo do nosso sistema solar», explicou Kudriashov, adiantando que de início, os veleiros espaciais deslocam-se lentamente, mas depois adquirem grandes velocidades. Desta forma podem alcançar os lugares mais longínquos do Universo.
Os ventos solares atravessam o sistema planetário a mais de três milhões de quilómetros por hora, sendo impulsionados pelas ondas do campo magnético emanadas pelo Sol. Esta é uma forma de energia barata e com enormes potencialidades.