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Electricidade sem fios está para breve

Investigadores de vários países estão a começar a produzir, na ilha de Reunião, electricidade sem fios. A experiência, publicada na «Science & Vie», insere-se num projecto científico mais ambicioso: construir centrais solares no espaço.

Investigadores de vários países estão a começar a produzir, na ilha de Reunião, electricidade sem fios, cuja aplicação, para já, será apenas local, mas a experiência insere-se num projecto científico mais ambicioso: construir centrais solares no espaço.

A revista francesa «Science & Vie» deste mês, que faz uma reportagem no local da experimentação, no desfiladeiro do «Grande-Bassin», na ilha da Reunião, revela que o projecto de transmissão de electricidade à distância sem o recurso de fios já deu resultados fiáveis.

Para o efeito, através de uma linha de alta tensão situada a 700 metros acima da aldeia do Grande-Bassin, que fornece electricidade, esta é convertida por magnetrões em micro-ondas. Um emissor colocado no flanco do desfiladeiro envia de seguida o fluxo de micro-ondas para um receptor. A energia de micro-ondas é depois convertida em corrente contínua e depois alternada.

Este teste, já efectuado com êxito, foi a primeira etapa, refere a revista, sublinhando que, na fase seguinte, a partir de 2003, já será possível alimentar com o novo sistema toda a aldeia de Grand Bassin.

Os investigadores assinalam que este sistema de transmissão de electricidade tem grande utilidade, quer do ponto de vista económico, quer ambiental.

O ambiente é preservado: os emissores e receptores fundem-se na paisagem, sem necessidade de linhas aéreas ou painéis foto-voltaicos e o sistema é mais barato face às linhas enterradas.

Os cientistas estudam agora a aplicação de material mais durável e fiável que os emissores de magnetrões, nomeadamente os klystroms, utilizados nos sistemas de radar, ou componentes semi-condutores.

Mas, esta experiência é o pontapé de saída para projecto mais importante que é o de construir centrais solares no espaço.

Para o efeito, estuda-se a possibilidade de colocar em orbita satélites que captem a energia do Sol e a façam convergir para a Terra sob a forma de micro-ondas. O objectivo para ser viável é que tenha eficácia.

No projecto da ilha da Reunião trabalham investigadores franceses, japoneses, russos e norte-americanos.

O governo norte-americano, pelo menos a nível oficial, estão reticentes quanto as vantagens da comercialização da energia solar, segundo a revista.

OS EUA optam pelo petróleo como energia principal.

Quer os franceses, quer os canadianos, quer os japoneses estão empenhados no projecto de energia solar. O ministério da Investigação e da Industria do Japão já se mostrou favorável a construção de centrais solares no espaço a partir de 2040.

A revista ressalta que o Canadá e o Japão estão já a investigar a possibilidade de transmitirem energia através de micro-ondas a um pequeno avião.

Estes dois países, juntamente com os franceses, estudam a hipótese de colocar em órbita geo-estacionária espelhos com cerca de um quilómetro de diâmetro para levar a electricidade por reflexão de micro-ondas entre o México e Paris, Saara e Pequim, e Austrália e Nova Iorque.

Admite-se que dentro de 100 anos este tipo de energia já esteja em funcionamento, em larga escala, no Mundo.

Redação