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Estudo revela elefantes de espécies diferentes

Considerada até ao presente como uma única espécie, apesar das diferenças anatómicas, os elefantes das savanas africanas e das florestas, aparentemente, são de espécies distintas.

A conclusão chega-nos dos autores de um estudo genético americano/queniano, publicado, esta sexta-feira, na revista Science.

A equipa de Alfredo Roca, do laboratório de diversidade genómica do Instituto Nacional do Cancro Frederick, (Maryland, Estados Unidos), e dos seus colegas do Centro de Investigação Mpala, em Nanyuki (Kenya), baseiam a sua conclusão na análise de variações do ADN nuclear (contido no interior das células) proveniente de 195 elefantes selvagens, procedentes de 21 populações repartidas nas diferentes regiões da África subsariana.

A «distância» genética entre os dois elefantes africanos corresponde a 58 por cento daquela que os separa do seu parente da Ásia, precisam os investigadores.

Eles conseguem, portanto, ser considerados como duas espécies distintas, Loxodonta africana africana e Loxodonta africana cyclotis.

Concluindo, a equipa americano/queniana confirma os resultados de um estudo francês publicado em junho de 1999, mas baseado sobre material muito restrito para permitir tirar uma conclusões definitivas.

Dirigida por Véronique Barriel, do Serviço de sistemas moleculares e do laboratório de pré-história (Centro Nacional de Investigação Científica/Museu de História Natural), o estudo começou sobre um único elefante da floresta, Coco, originário da Serra Leoa, posto em movimento a partir de 1963 numa via solitária no Zoo de Vincennes, Paris.

Comparando o ADN mitochondrial (transmitido pela mãe) deste singular elefante da floresta, cativo no mundo do património genético, e de outro elefante de África e asiático, notam-se que as diferenças entre os irmãos africanos é mais pequeno do que aquele que separa a espécie asiática.

Contrariamente do que se pensa, os dois elefantes de África parecem-se geneticamente mais com o mamute do que com o elefante da Ásia.

O maior mamífero terrestre, o elefante das savanas africanas pode chegar aos quatro metros, enquanto que o da floresta raramente ultrapassa os 2,4 metros.

O nome científico do segundo elefante de África é «cyclotis», significa «orelha arrendada», alusão a uma das suas principais características anatómicas, por oposição à aurícula do lóbulo inferior pontiagudo, do seu primo das terras abertas.

Uma vez mais, a genética arrisca agitar a classificação das numerosas espécies.

Mas se a genética pode trazer explicações sobre os seres vivos e os seus graus de parentesco, ela arrisca também tornar mais difícil a compreensão do termo espécie (agrupamento de indivíduos aptos para ser reproduzirem indefinidamente entre eles) e pode, por conseguinte, dificilmente servir de base exclusivamente à caracterização das espécies.

De outro modo, a espécie não é mais o que era: a existência de uma hibridação africana/cyclotis, mesmo sendo limitada, é admitida por Roca e os seus colegas.

Redação