Uma equipa da Universidade de Iowa concluiu que o vírus da hepatite G retarda a progressão do vírus da Sida. Está assim aberto um novo caminho no combate à doença, anunciado pela revista New England Journal of Medicine. Um dos membros da equipa explicou à TSF o processo de investigação.
O vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), que causa a Sida, torna-se menos activo quando está na presença de um outro vírus, o da hepatite G, que é benigno.
A descoberta foi feita pelos investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Iowa (EUA), que realizaram um estudo publicado hoje (quinta-feira) pela revista New England Journal of Medicine.
O vírus GB tipo C, baptizado também como vírus da hepatite C, «não impede que o HIV entre nas células, mas actua depois do HIV já estar presente, evitando que o vírus de multiplique». disse à TSF um dos membros da equipa conduzida por Jack Stapleton.
Esta conclusão já fez com que o líder da equipa começasse a explorar as possíveis ligações entre o consumo de álcool, o vírus da hepatite C, o vírus GB-C e a cirrose do fígado, junto dos pacientes do hospital que coordena.
Vírus «terapêutico»
O estudo, realizado entre 1988 e 200, incluiu a observação de 362 pacientes com HIV, sendo que 40 por cento estavam também infectados pelo vírus GB-C.
«Concluímos que os pacientes infectados com o HIV mas não com o GB-C corriam 3,68 vezes mais o risco de morrer do que os outros», disse Stapleton, citado pela revista.
A equipa acredita que «é razoável considerar a utilização do vírus GB-C como vector terapêutico para retardar a progressão do vírus da Sida».
Quanto a efeitos negativos do vírus da hepatite G, o colaborador de Stapleton afirmou: «nós não temos conhecimento de qualquer doença causada pelo vírus GB-C (...) o que poderá acontecer será dar-se uma resposta imunitária, ou seja, que possa destruir ou interferir com o HIV».