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Evitar uma contaminação em Portugal pode demorar três dias

O Laboratório de Química Orgânica Analítica e de Síntese (LAQAS), é o único em Portugal preparado para lidar com um ataque químico mas ainda assim, evitar uma contaminação pode demorar três dias. Uma resposta mais eficaz só é possível com o investimento de 200 mil contos.

Em Portugal não existem recursos humanos, financeiros ou logísticos para a concretização de uma resposta rápida e eficaz a um eventual ataque químico.

O Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (INETI), através do Laboratório de Química Orgânica Analítica e de Síntese (LAQAS) só consegue detectar agentes de armas químicas interditos num prazo que pode variar entre um a três dias.

Segundo o director do LAQAS, Adriano Teixeira, existem entidades em Portugal, cujo equipamento pode ser facilmente transformado para produzir armamento químico sem estarem sujeitas a qualquer controlo.

«Seria necessário fazer um levantamento a nível de todas as indústrias, laboratórios, unidades de investigação e hospitais portugueses», explicou Adriano Teixeira.

A Convenção de Proibição de Armas Químicas, ratificada em 1996, define uma lista de produtos químicos e de substâncias orgânicas que necessitam de ser controladas, desde a produção até ao seu destino final e Portugal está totalmente em falta no que diz respeito a esta determinação.

O que as autoridades nacionais mais temem são as consequências económicas que podem advir deste incumprimento. Por isso, uma das exigências feitas por estas instituições, é a inscrição de uma verba no Orçamento de Estado para a criação de infra-estruturas para fazer cumprir a Convenção.

«Condições de detecção rápidas e eficazes de agentes de armas químicas só são possíveis através de um investimento na ordem dos 200 mil contos», nomeadamente para a aquisição de detectores portáteis, diz o responsável.

Enquanto isso não acontecer, em caso de ataque químico num espaço fechado, os técnicos teriam de ir ao local recolher as amostras do ar e da água e voltar ao laboratório para identificar o agente e só depois disso passariam à fase de descontaminação.