A montanha mais alta de Portugal, localizada na ilha açoriana do Pico, terá levado cerca de 240 mil anos a formar-se, resultando de numerosas erupções vulcânicas.
A estimativa é avançada na tese de doutoramento do investigador da Universidade dos Açores João Carlos Nunes, e fundamenta-se em analises de rochas colhidas ao longo da montanha de 2.351 metros de altitude e em dados históricos.
O documento, a cujo resumo a Agência Lusa teve hoje acesso, indica que só nos últimos mil anos o Pico terá registado 14 erupções vulcânicas, estimando-se em 130 anos o «período de retorno» (espaço entre erupções) dos vulcões na segunda maior ilha açoriana.
A datação das rochas analisadas indica, porém, que as erupções no Pico «não se distribuem de um modo constante ao longo do tempo, deixando antever um padrão irregular para a actividade vulcânica na ilha, com tempos de repouso curtos intercalados com tempos de repouso mais longos», adianta.
As investigações realizadas demonstram, por outro lado, que as erupções na montanha do Pico, sendo frequentes, movimentam reduzidos volumes de lava, refere o investigador ao apontar o fenómeno como explicação para a elevada declividade das suas encostas.
Segundo João Carlos Nunes, é pouco provável a existência de uma câmara magmática pouco profunda sob a montanha do Pico, cuja área exposta tem 93 quilómetros quadrados, quase metade da superfície da ilha.
É, porém, possível que existam pequenos reservatórios magmáticos intra-crustais pouco profundos sob o vulcão, onde, por processos de cristalização fraccionada, se tenham produzido as raras lavas evoluídas observadas na ilha depois do povoamento, sublinha.