Um novo instrumento de diagnóstico, apresentado hoje em Coimbra, pela AIBILI (Associação para Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem), permite detectar lesões precoces na retina em diabéticos e pode ser um factor poderoso na prevenção da retinopatia diabética.
O analisador de permeabilidade da retina foi desenvolvido pela AIBILI (Associação para Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem) e, em conjunto com outro instrumento, o analisador de espessura da retina, permitiu acompanhar, durante um ano, uma série de doentes diabéticos ainda sem alterações importantes da retina.
O estudo, publicado este mês na revista científica norte- americana Archives of Ophtalmology, concluiu que se formam, na retina dos diabéticos, pequenos pontos de rotura vascular, que são, contudo, reversíveis se forem desenvolvidos medicamentos que impeçam a sua progressão futura para a retinopatia diabética.
«É um ponto de partida sólido para estudar drogas que, numa fase precoce da doença, actuem sobre estas alterações, que são reversíveis e podem ceder ao tratamento», afirmou, em conferência de imprensa, José Cunha-Vaz, presidente do conselho de administração da AIBILI e director do serviço de Oftalmologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
O artigo científico publicado nos Archives of Ophtalomology tem como autores Conceição Lobo, Rui Bernardes, Faria de Abreu e José Cunha-Vaz.
Segundo José Cunha-Vaz, este estudo adquire dimensões «particularmente importantes», dado que trabalhos experimentais efectuados em ratos diabéticos mostram que certos medicamentos podem actuar sobre estas alterações iniciais.
A diabetes é uma «doença da civilização» muito frequente, que afecta uma em cada dez pessoas. A complicação mais habitual é a alteração da retina, causando a perda progressiva da visão.
O único tratamento disponível é a fotocoagulação por laser, que apenas reduz a progressão da doença em 50 por cento dos casos.
Este projecto de investigação desenvolvido na AIBILI, no âmbito da pesquisa que tem sido feita na instituição no campo das novas metodologias de mapeamento da retina, tem o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (Organismo do Ministério da Ciência e da Tecnologia) e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).
Para Rui Machete, presidente do conselho executivo da FLAD, este projecto da ABILI é um exemplo da articulação entre a investigação e o mundo empresarial e demonstra como a ciência pode servir para «resolver problemas concretos das pessoas».