Para muitos, o problema não é a clonagem para fins terapêuticos, é o receio de que seja o princípio da clonagem humana. Desde que a «Advanced Cell Technology» anunciou, domingo, o sucesso da clonagem de um embrião humano, a polémica instalou-se nos EUA.
Uns defendem que este foi o primeiro passo para a clonagem do ser humano, outros mostram-se mais despreocupados e acreditam que o objectivo desta experiência é a produção de células com fins terapêuticos, tal como foi argumentado pela própria «Advanced Cell Technology».
Bush é contra. Republicanos e a direita condenam a experiência, enquanto democratas e a esquerda preocupam-se mais com questões éticas: alguns estão contra a clonagem, mas outros consideram que a solução permite o avanço da ciência. Agora, num ponto o consenso impera: a proibição da clonagem para efeitos de produção da vida humana.
Há uns meses atrás, a Câmara dos Representantes, de maioria republicana, aprovou uma lei proibindo em absoluto toda e qualquer clonagem. Porém, no Senado, cuja a concordância é necessária antes da lei ser enviada ao presidente para promulgação, a lei está parada e não será levada a plenário este ano.
Enquanto a lei saiu ou não sai, havendo falta de legislação, o trabalho da «Advanced Cell Technology» não pode ser punível, uma vez que continua nos términos legais. É que a única coisa que a lei norte-americana proíbe, para já, é o uso de fundos públicos nesses projectos.
Entretanto, o presidente da «Advanced Cell Technology», Michael West lembrou que esta clonagem visa produzir apenas embriões que possam ser utilizados na cura de doenças ou na reprodução de órgãos específicos, como rins e corações, ou no rejuvenescimento do cérebro de uma pessoa com a doença de Alzheimer.
Para já, tudo não passam de experiências. Importante mesmo é tornar público todos os pormenores do projecto, já que a sua divulgação ajudará a compreender melhor as dimensões do que se passou e as suas implicações.
Agora, o que realmente preocupa a maioria, incluindo aqueles que aprovam a liberdade científica, é que esta técnica abre as portas à clonagem de seres humanos. É aí que as opiniões se dividem: uns acreditam que a proibição pode pôr termo a este processo, outros crêem que é apenas uma questão de tempo até que seja produzido o primeiro bebé clonado.