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Eficácia da quimioterapia contra o cancro da próstata

Um medicamento permitiu pela primeira vez prolongar a duração da vida e reduzir a dor em pacientes afectados com cancro da próstata que não reagiam ao tratamento hormonal, anunciaram hoje investigadores norte-americanos.

Trata-se do primeiro exemplo de quimioterapia eficaz neste tipo de cancro e foi obtido com Docetaxel (Taxotere, do grupo farmacêutico franco-alemão Aventis), disponível em Portugal, que deverá doravante ser utilizado sistematicamente no tratamento destes doentes, segundo os resultados de dois ensaios envolvendo um grande número de pacientes.

«Estes estudos têm importantes implicações no modo como vamos tratar o cancro da próstata», afirmou Robert Mayer, do Instituto Oncológico Dana-Faber de Boston (Massachusetts).

O primeiro ensaio, realizado nos EUA, mostrou que o medicamento permitiu prolongar de 16 para 18 meses a sobrevivência média de 334 homens afectados por um cancro da próstata refractário ao tratamento hormonal.

Além disso, a doença progrediu em seis meses, em vez dos três registados entre os doentes que receberam o tratamento habitual.

Embora o ganho de dois meses de vida em média pareça escasso, alguns pacientes conseguiram prolongar a vida seis meses ou um ano graças a este tratamento, precisou Monber Mahjoubi, responsável pela investigação do cancro no grupo Aventis.

«Os resultados mostram que o Docetaxel pode tratar eficazmente o cancro da próstata e vai passar a ser um tratamento em que nos vamos apoiar», disse Daniel Petrylak, da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, que dirigiu o estudo.

Um segundo estudo que combinou resultados norte-americanos, canadianos e europeus mostrou que o docetaxel conseguiu que a sobrevivência média aumentasse em média de 17 para 18,9 meses.

Os investigadores vão agora examinar o interesse de aplicar esta quimioterapia a pacientes que se encontrem num estado mais precoce do cancro da próstata, referiu Mahjoubi.

Os dois estudos foram apresentados por ocasião do congresso anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em Nova Orleans.

Redação