O vírus letal que provoca a pneumonia atípica (Síndroma Respiratória Aguda Severa - SRAS) foi detectado em lágrimas, anunciou uma equipa de médicos em Singapura.
Uma equipa de médicos de Singapura examinou os canais lacrimais de 36 pacientes suspeitos de ter contraído pneumonia atípica em Abril de 2003. Mais tarde, oito dos pacientes tiveram o diagnóstico confirmado
Os médicos revelaram que tinham detectado a presença do vírus nos canais lacrimais de três dos oito pacientes com a doença.
Num artigo publicado no «British Journal of Ophthalmology», os médicos explicam que a descoberta indica que o vírus pode ser transmitido e detectado através de lágrimas.
Seng Chee Loon e seus colegas na Universidade Nacional de Singapura dizem que a análise de amostras de lágrimas pode ser uma forma de se constatar a presença do vírus.
Primeiros sintomas
Os três pacientes em cujos canais lacrimais se encontrou sinais do vírus da pneumonia atípica estavam numa fase inicial da infecção. Todos fizeram exames nove dias depois do aparecimento dos primeiros sintomas.
Os outros pacientes, em cujas lágrimas não foram encontrados sinais da doença, fizeram os testes pelo menos 11 dias depois do aparecimento de sintomas.
Os médicos sugerem que a penumonia atípica pode estar presente nos canais lacrimais apenas nos estágios iniciais da doença.
Sinais de outros vírus como os que provocam herpes, hepatite e sarampo também foram detectados em lágrimas.
Os médicos pretendem realizar mais testes para verificar se a análise de lágrimas pode ser uma forma de descobrir se o paciente tem pneumonia atípica
Milhares infectados
A pneumonia atípica surgiu no Sul da China, no final de 2002. Infectou mais de oito mil pessoas durante 2003 em dezenas de países e matou 774 pessoas. Um surto em escala muito menor ocorreu no início deste ano e muitos cientistas acreditam que o vírus não vai desaparecer.
Ainda não há vacina e não há cura específica para a doença, embora alguns medicamentos, aparentemente, sejam eficazes nalguns pacientes.
Os cientistas estão a tentar desenvolver um teste que permitirá aos médicos fazerem o diagnóstico precoce do vírus.