O director de Dermatologia do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, Ribas dos Santos, preconizou hoje que se «tire o bronzeado da moda» para travar o cancro da pele, com níveis elevados na região.
«O sol é como o vinho. Em quantidades moderadas faz bem à saúde. Em quantidades excessivas é terrível», acrescentou Ribas dos Santos, em declarações à Agência Lusa.
O IPO/Porto realiza, há década e meia, rastreios por amostragem do cancro da pele, tendo vindo a detectar seis a sete por cento de tumores malignos. «São percentagens muito elevadas», disse Ribas dos Santos, na abertura de mais uma semana de rastreios, durante a qual os três médicos dermatologistas do IPO/Porto irão analisar se há sinais de alarme em duas centenas de pessoas.
O director do serviço explicou que as pessoas a rastrear foram inscritas por telefone, durante a última semana, até ao limite da capacidade de resposta do instituto na área dermatológica, que considerou «muito limitada».
O rastreio inclui um exame total à pele e, em casos que levantem suspeita, posterior encaminhamento para outros especialistas.
As semanas de rastreio do cancro da pele realizam-se no IPO/Porto sempre por ocasião do Euro Melanoma - Dia Nacional da Luta Contra o Cancro da Pele, que este ano ocorreu no último sábado.
A altura é também aproveitada para divulgar dados importantes sobre os perigos do cancro de pele, os sinais de alarme e medidas para evitar a doença.
Cancro de Pele aumenta em Portugal
O cancro da pele tem vindo a aumentar na última década em Portugal, matando anualmente mais mulheres do que homens, segundo um estudo divulgado este ano pela especialista Cecília Moura, do Serviço de Dermatologia do IPO.
A mortalidade causada pelo cancro da pele aumentou a um ritmo anual de cinco por cento nas mulheres e de três por cento nos homens, atingindo sobretudo adultos jovens, com idade média de 45 anos, em plena actividade social e laboral, indica o documento.
A autora do estudo atribui o aumento do melanoma na população portuguesa à mudança de hábitos de exposição solar e considera que os portugueses «não têm uma pele muito adaptada à exposição solar porque, na maioria dos casos, é relativamente clara».
As situações que provocam mais estes tipos de casos são as exposições solares intensas e esporádicas, o que se chama vulgarmente queimaduras solares, explicou Cecília Moura, apostando na prevenção como a melhor arma para evitar este tipo de cancro.