A cápsula que transportava partículas solares da missão norte-americana Génesis despenhou-se, esta quarta-feira à tarde, no deserto de Utah, oeste do EUA, quando estava previsto ser recolhida por um helicóptero em pleno ar.
De acordo com a NASA, os paraquedas da cápsula, que entrou na atmosfera terrestre às 15:55 (hora GMT), não se abriram, o que fez com que se despenhasse.
Inicialmente, um paraquedas estabilizador devia-se ter aberto, a 33 quilómetros de altitude, o que não sucedeu. Seis minutos volvidos o mesmo aconteceu com o paraquedas principal, este a uma altitude de 6,1 quilómetros.
Estava previsto que a cápsula, que pesa cerca de 200 quilogramas, fosse apanhada em pleno ar por um helicóptero preparado para o efeito, a fim de impedir que chegasse a ter contacto com a superfície terrestre e se «contaminassem» as amostras de vento solar que a Génesis recolheu na sua viagem de dois anos e meio.
Análise directa laboratorial em risco
Entretanto, Teresa Lago, investigadora do Centro da Astrofísica e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, explicou à TSF que ainda cedo para perceber se os delicados «pedacinhos de sol» ficaram estragados, pois é necessário apurar, primeiramente, em que condições as amostras foram acondicionadas.
«Foram tomadas medidas para tentar preservar a qualidade da amostra escolhida, mesmo no caso de haver um impacto, que era o mais provável de acontecer. Esta sonda podia trazer a inovação de fazer um análise laboratorial com mais detalhe e rigor do que é feito por espectroscopia», disse Teresa Lago.
A investigadora lembrou que «se perde a possibilidade de análise directa laboratorial», no caso do material estar «contaminado» e de não «ter sido preservado o seu isolamento durante o impacto».
A NASA já anunciou, por seu turno, que vai tentar perceber em detalhe quais foram as razões do fracasso desta missão e os motivos pelos quais nenhum dos paraquedas da cápsula abriu.