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Razão e emoção estão em conflito permanente

O cérebro humano vive num conflito interno permanente entre o seu centro de emoções, que procura a satisfação imediata, e o da razão, que privilegia o longo prazo, indica um estudo divulgado na revista Science.

Investigadores de quatro universidades norte-americanas descobriram que duas zonas do cérebro parecem concorrer para controlar o comportamento de alguém que tem de decidir entre satisfações imediatas e objectivos distantes.

O estudo, publicado no número desta semana da revista Science, insere-se no quadro da neuro-economia, uma disciplina emergente que estuda os processos mentais e neurológicos subjacentes às decisões micro-económicas, como consumir, poupar ou investir.

Os cientistas examinaram em especial a escolha económica e o facto dos consumidores agirem muitas vezes irracionalmente quando têm de decidir a muito curto prazo, mas de modo reflectido quando se trata de decidir a longo prazo.

É por isso que quando se pergunta a alguém se quer receber dez dólares hoje ou onze dólares amanhã essa pessoa escolhe normalmente a primeira opção. Pelo contrário, se colocadas perante a escolha de ter dez dólares dentro de um ano ou onze dólares dentro de um ano e um dia, as mesmas pessoas preferem a segunda opção.

Os investigadores submeteram um grupo de estudantes da Universidade de Princeton a um teste semelhante, ao mesmo tempo que observavam o seu cérebro com um sistema de imagiologia por ressonância magnética, que permite observar a intensidade da actividade nas diferentes zonas cerebrais através da medição dos fluxos sanguíneos.

A experiência mostrou que as decisões que envolvem a possibilidade de ganhos imediatos activam fortemente apenas as partes do cérebro associadas às emoções, enquanto que as decisões sobre escolhas a mais longo prazo activam as zonas cerebrais associadas ao raciocínio abstracto - constataram os cientistas.

Por outro lado, quando os indivíduos têm a possibilidade de obter ganhos imediatos mas escolhem a opção a longo prazo, a região cerebral do raciocínio fica muito mais activa do que a das emoções.