Dois investigadores portugueses descobriram uma nova espécie de peixe na região das fontes hidrotermais da Crista Médio-Atlântica, perto dos Açores, disse hoje fonte próxima da investigação.
Armando Teles de Almeida, docente do Departamento de Biologia Animal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e Manuel Biscoito, director da Estação de Biologia Marinha do Funchal deram à nova espécie o nome de Pachycara saldanhai, em homenagem a Luiz Saldanha, professor catedrático da FCUL já falecido.
Segundo Teles de Almeida, trata-se de uma espécie de que pouco se sabe, que se alimenta de crustáceos e é «só conhecida naquela zona hidrotermal activa, denominada Rainbow».
«É uma pequena espécie que tem 25 e 12 centímetros de comprimento, aqueles que temos. Parece uma pequena enguia», percisou Armando Almeida à TSF.
A Pachycara saldanhai, endémica de fontes hidrotermais, foi capturada a cerca de 2300 metros de profundidade, com a ajuda do submersível «NAUTILE» e do «ROVVICTOR», no âmbito do projecto VENTOX.
O novo peixe foi capturado durante missões oceanográficas, de âmbito nacional e internacional, em que os dois investigadores participaram na Crista Médio-Atlântica, a meio caminho entre os Açores e a América.
As missões contaram com a participação financeira da União Europeia e da Fundação para a Ciência e Tecnologia, tendo a primeira captura sido efectuada em 1998 e o décimo exemplar foi capturado em 2003.
Sete dos exemplares capturados foram depositados no Museu Municipal do Funchal, um no Museu Nacional de História Natural de Paris, outro no Museu Britânico de História Natural e outro no Museu Nacional dos Estados Unidos.
Uma descrição da nova espécie foi publicada na revista da Sociedade Americana de Ictiologistas e Herpetologistas.
Armando Almeida explicou ainda à TSF que a investigação é a única utilidade da captura desta espécie, uma vez que «ir apanhar peixe a esta profundidade» não é rentável.
«É uma pequena enguia e não tem muito por onde as pessoas se possam alimentar. Seria muito caro fazer uma captura desta espécie e além disso são muito pouco abundantes», acrescentou.
Para o investigador, interessa sim «perceber como estes peixes vivem neste ambientes, que para a maioria dos animais seria altamente tóxico, pois existem níveis elevados de enxofre e de metano».