A atribuição da «Bola de Ouro» de 2000 ao futebolista português Luís Figo é difícil de explicar para a imprensa francesa, que dá hoje conta da sua surpresa e considera que Zinedine Zidane merecia mais o prémio.
Para o diário desportivo «L´Equipe», a eleição de Figo, que «só ganhou o mediático título de ter protagonizado a mais cara transferência da história», só pode ser vista como um «escândalo ou uma surpresa».
L´Equipe adianta que o internacional gaulês Zidane merecia o prémio do France Football, por ser «ter sido designado o melhor jogador do Mundo pela FIFA e ser o motor da selecção francesa que ganhou o Euro 2000».
O diário francês acusa mesmo os elementos do painel do «France Football» de terem esquecido «a grande Primavera do francês na Juventus e lembrar-se apenas do seu difícil Outono».
«Le Parisien» também não entende a distinção de Figo, «cujo palmarés está virgem este ano, enquanto no de Zidane, líder da selecção francesa, brilha a vitória no Europeu».
Opinião semelhante é defendida na edição de hoje do «L´Humanité», que considera que «o centro-campista da Juventus foi este ano o rei do continente».
Para a maioria dos diários franceses as razões de Zidane não ter sido o último «Bola de Ouro» do século XX só podem ter explicação em algumas jogadas pouco desportivas do jogador da Juventus nos últimos meses.
«Zizou teve de inclinar-se perante Figo, menos brilhante mas mais limpo no campo», diz «Le Figaro».
«L´Equipe» analisa as justificações que acompanham os votos dos eleitores e conclui que a cabeçada que Zidane deu num jogador do Hamburgo num jogo da Liga dos Campeões lhe roubou 27 votos, que teriam sido suficientes para chegar à vitória.
«L´Humanité» alinha pelo mesmo diapasão, criticando duramente os que castigaram Zidane «pelos dois cartões vermelhos que lhe foram mostrados na Liga dos Campeões, um por simulação de um jogador e o outro pela cabeçada a um defesa alemão que confessou depois que a sua intenção» era enervar o internacional francês.
Luís Figo, que há uma semana fora relegado para o segundo lugar, na eleição promovida pela FIFA, atrás de Zidane, impôs-se desta vez ao francês, por 16 votos (197 contra 181). O ucraniano Andrei Sevchenko foi terceiro, com 85 pontos.