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«Saída de Inácio e Mourinho no mesmo dia foi coincidência»

Luís Duque afirma que o dia das saídas de Augusto Inácio do Sporting e de José Mourinho do Benfica foi «mera coincidência». Em longa entrevista, o dirigente aborda ainda a saída de Inácio, os pedidos de demissão, as relações com o Benfica e as arbitragens.

Em longa entrevista à TSF, conduzida por António Tavares-Teles, Luís Duque afirmou que se tivesse conhecimento do que se estava a passar no Estádio da Luz, teria aguentado o anúncio da saída de Inácio. Disse também que jantou com o técnico ontem à noite. «É um indivíduo fascinante».

José Mourinho

«Se eu soubesse que o Mourinho estava a sair do Benfica tinha aguentado o processo. Sou apanhado na conferência de imprensa com a notícia da saída do Mourinho. Não houve contactos com o José Mourinho no escritório de José Veiga».

«O único contacto foi um jantar ontem à noite para conhecer a personagem. Encontrei um indivíduo fascinante, com grandes conhecimentos do futebol e da metodologia de treino, que aprendeu com os melhores mestres, em Barcelona».

O presidente da SAD do Sporting descarta a possibilidade de Mourinho treinar o Sporting e admite ter-se deslocado ao escritório de José Veiga, «mas sem Mourinho».

«Agora, o José Mourinho, como outros no mercado, tem ambição de treinar os 'grandes'. É ambicioso, tem um carácter forte, mas não estou a pensar nele para treinar o Sporting. Estive no gabinete do senhor José Veiga, mas não com o José Mourinho. O problema do Benfica passou para os braços do Sporting»

Manuel Vilarinho

Luís Duque avisa que a ideia de colocar Mourinho no Sporting afastava as atenções do problema no Benfica e fala do comportamento de Manuel Vilarinho.

«Nunca pensei na solução José Mourinho. Quando nos sentámos os três à mesa (presidentes dos três 'grandes') ficou combinado que nos telefonássemos quando houvesse problemas. Pensava que fosse um voto sincero. O Benfica agarrou uma pretensa fonte que disse que me viu entrar com o Mourinho».

«Andaram na praça pública a denegrir a imagem da SAD, a minha e a de José Mourinho. Nunca ofendi ninguém no Benfica. A única crítica que faço foi a forma, leviana, como trataram as fontes. Não foi justo que me tenham tratado assim».

O responsável do Sporting acusa ainda aquilo que considera ser uma «campanha de certa comunicação social». «Até disseram na comunicação social que eu tinha ceado com o Mourinho. As pessoas ensandeceram».

Pedido de demissão

Outro dos temas abordados na entrevista de fundo foi o pedido de demissão apresentado pelo dirigente. Duque afirma que se deveu ao «falhanço na Liga dos campeões», e estava a precisar do «apoio» de Dias da Cunha.

«Coloquei o lugar à disposição porque os objectivos não foram cumpridos. Falhámos o apuramento para a segunda fase da Liga dos Campeões, pelo que achei que o presidente poderia querer mexer na equipa»

«Precisava de oxigénio para continuar. Desta vez, estava um pouco em baixo e foi importante o apoio de Dias da Cunha para continuar. Disseram que foi um jogo político do tipo - 'continua no barco que tu criaste' - mas não. Foi um apoio sincero e solidário».

Augusto Inácio

Duque admite que o despedimento de Augusto Inácio aconteceu porque estava a «esgotar-se o seu campo de manobra e os resultados não apareciam».

«Expliquei-lhe as razões que poderiam levar à sua saída e ele aceitou-as. Estávamos no 1º terço do campeonato e poder-se-ia dar um segundo fôlego à equipa. Saiu porque se esgotou o campo de manobra e porque os resultados não apareceram.

«A sua imagem poderia não sobreviver a mais uma má altura, quando alguns sócios já o estavam a contestar. O treinador campeão não podia ser exposto assim».

Sobre a ausência de Dias da Cunha quando aconteceu o afastamento de Augusto Inácio, Duque afirma que tentou «contactar» o presidente da SGPS, ausente em África, mas que tinha «poderes para tomar a decisão». O presidente da SAD assume que «pedir a Inácio para treinar a equipa no dia seguinte foi um erro».

Arbitragem

Questionado sobre a sua posição na actual polémica da arbitragem, em torno das declarações do presidente Dias da Cunha, Luís Duque diz que o «Sporting apenas critica o sistema de arbitragem e não os árbitros».

«O que se critica é o sistema de arbitragem e não os árbitros. São assuntos relativos à promoção e classificação dos árbitros. Objectivamente, houve erros de arbitragem, mas os jogadores também erram. No Benfica-Sporting, os jogadores também erraram».

Instado a comentar a posição assumida por Dias da Cunha, Luís Duque prefere referir que o presidente dos «leões» representa a «consciência da nação sportinguista»

«Dias da Cunha responde pela nação sportinguista, que também se interroga. É a consciência dos sócios, representa a revolta dos associados do Sporting, que se sentem injustiçados. Eu sou apenas um executivo dentro do clube. Tenho as minhas certezas, mas guardo-as comigo».

Redação