A saída de José Mourinho ainda não foi muito bem aceite por todo o plantel «encarnado». Em entrevista ao jornal «24 Horas», Calado afirma que o «timing» da decisão do treinador não foi o melhor, já que provocou «turbulência» numa altura em que o Benfica precisava de «estabilidade».
Em entrevista ao jornal «24 Horas», Calado faz o balanço de um ano que não lhe deixará grandes recordações. O jogador viu-se envolvido num boato que marcou não só a sua vida particular como também a sua carreira.
«Estando no Benfica há muito tempo e gostando do clube como gosto, custou muito perder a braçadeira de capitão por causa de uma palhaçada, de uma coisa sem nexo», refere o jogador.
No entanto, aquilo por que passou deu-lhe «ainda mais força e ânimo» e acabou por resultar num «grito de revolta»: «Acima de tudo, foi como se tivessem dado um pontapé na minha vida e eu tivesse caído e depois me levantasse ainda com mais força».
Apesar de já ter ultrapassado a situação, Calado continua a não perdoar a falta de falta de apoio manifestada pela anterior direcção, liderada por Vale e Azevedo. «Tenho dado parte da minha vida, mesmo a nível pessoal, ao Benfica. E a verdade é que, neste caso, senti falta de acompanhamento por parte de alguns membros da direcção.»
«Se realmente queriam mostrar que estavam solidários comigo e que me estavam a dar força, a pior forma de fazê-lo foi tirar-me a braçadeira de capitão. Já tinha dito que gosto de assumir responsabilidades. Não gostei do que fizeram porque não havia razão para tal».
Sobre a saída de José Mourinho do comando técnico, Calado sublinha que esta não aconteceu na melhor altura para a equipa: «Estávamos a passar uma boa fase e o grupo não encaixou muito bem a ideia de o treinador ter pedido mais um ano de contrato à direcção depois de uma vitória fabulosa frente ao Sporting».
O antigo «capitão» dos «encarnados» vai mais longe nas suas críticas e acusa Mourinho de não ter escolhido o «timing» certo para tomar esta atitude, acrescentando que ficou «desapontado pela forma como as coisas correram».
«Não sei até que ponto o 'mister' se aproveitou da situação. Mas, na minha opinião, e acho que também falo pelos meus colegas, o 'timing' não foi o melhor. A direcção entendeu por bem não ceder à pressão e eu também não sei o que faria porque não gosto de ceder a pressões».
Quanto à possibilidade de o Benfica ainda poder chegar ao título de campeão, Calado acredita que ainda é possível, pois «está tudo em aberto».
«Nove pontos são perfeitamente recuperáveis. Temos é de colocar na nossa cabeça que realmente que temos qualidade, o que já ficou provado».