O presidente da FIFA afirmou que alguns dos mais importantes clubes da Europa são «neo-colonialistas», uma vez que «roubam» jogadores de países mais pobres. Blatter aproveitou ainda para dizer que a FIFA poderá vir a irradiar jogadores dopados.
O presidente da FIFA criticou duramente o comportamento dos clubes mais ricos da Europa por estes desenvolverem uma actividade de «violação económica e social» ao enviarem «olheiros» pelo mundo fora à procura de novos talentos.
«Penso que não é saudável, senão mesmo doentio, que os clubes ricos enviem 'olheiros' para África, para a América do Sul e para a Ásia para 'comprarem' os jogadores mais promissores dessas paragens», explicou numa coluna do jornal inglês «Financial Times».
O responsável máximo da FIFA considera mesmo que os clubes mais importantes da Europa têm-se tornado cada vez mais «neo-colonialistas», ao «não se importarem rigorosamente nada com a tradição e a cultura», quando «roubam os melhores jogadores dos países em desenvolvimento».
«A dignidade e a integridade tendem a ser descartadas, naquilo que se tornou um mercado glorificado. Se não tivermos cuidado, o futebol pode tornar-se num jogo de ganância, uma tendência a que me oponho vigorosamente», acrescentou.
«Muitos clubes não merecem mesmo ser considerados como ingleses, já que são dominados por legionários estrangeiros, que prestam vassalagem a pessoas que lhes pagam 40, 70 e até mesmo 150 mil euros por semana», afirmou.
Blatter pôs de um lado o organismo a que preside, uma associação «sem fins lucrativos» sob a lei suíça, e de outro os «clubes milionários», que têm de «maximizar os seus lucros para conseguirem jogadores muito caros, em resultado da fortíssima competição em que estão envolvidos».
O dirigente disse ainda que o G14 está enganado quando pede à FIFA que indemnize os clubes para que estes representem as selecções nos grandes torneios.
«Estes apelos não devem ser dirigidos à FIFA, mas sim às federações, uma vez que são estas que recebem a maior parte dos fundos geradas pelos grandes torneios», concluiu, depois de dizer que o organismo paga qualquer coisa como 214 mil milhões de euros às 204 federações e às seis confederações por ocasião desses torneios.
Jogadores dopados podem vir a ser irradiados
O presidente da FIFA admitiu ainda, nessa coluna, que o organismo que superintende o futebol mundial pode vir a impor irradiações a jogadores dopados.
Joseph Blatter, que admitiu, há cerca de um mês, pela primeira vez, que o futebol tem problemas de «doping», voltou a falar no caso Rio Ferdinand.
«Se um jogador for punido por se recusar ou por se ter esquecido milagrosamente de se submeter a um teste anti-doping, certamente que a culpa não é da FIFA, mas sim daqueles que estão envolvidos neste caso», afirmou Blatter, que voltou a criticar o facto do jogador do Manchester United ainda não ter sido punido pela Federação Inglesa.
O dirigente considera que a FIFA deve intervir nestes casos, para garantir que a «lei é a mesma para todos, ricos e pobres».
«Se este tipo de comportamento persistir poderemos considerar a promulgação de uma lei para impor a irradiação a jogadores dopados e a despromoção do clube. Se os clubes não conseguem controlar os seus jogadores, quem conseguirá?», questionou.