O atleta português Francis Obikwelu, de origem nigeriana, garantiu, este sábado, que a sua prata olímpica pertence na totalidade a Portugal e não à sua terra natal até porque é o apoio na língua de Camões que o «faz mais feliz».
«Esta medalha não é para Nigéria, é para Portugal», sublinhou
o velocista à sua chegada ao Aeroporto Internacional de Lisboa, onde foi recebido com fortes aplausos, abraços emocionados da família e amigos e por fãs anónimos.
Com enorme nervosismo, estava a mãe adoptiva do velocista que ia pedindo desculpa por não se alongar nas conversas com a imprensa, e assim que se vislumbrou o perfil do seu filho na rampa de chegadas da Portela saltou de imediato, enquanto se ouvia «já vem aí».
Na comitiva mais íntima estavam ainda o pai e o irmão adoptivos e um irmão natural. A mãe de um amigo de Obikwelu é que motivou uma confusão generalizada, ao ser identificada como a mãe natural do atleta e por pouco não falou em directo a uma televisão nessa qualidade.
Com esta grande família, onde também se inclui «o grande pai que é Moniz Pereira (vice-presidente do Sporting), a «casa» do atleta é sem dúvida Portugal e o regresso antecipado até foi pedido aos responsáveis do Comité Olímpico de Portugal: «Pedi-lhes para vir para casa descansar.»
«E eu sou português, não?», questionou o atleta à plateia que que foi pequena para todos os que quiseram assistir à conferência de imprensa, onde também esteve presente Rui Silva, que conquistou a medalha de bronze nos 1.500 metros.
Na outra sua casa, na Nigéria, já se prepara a festa, mas Obikwelu irá primeiro comemorar em terras lusas e no Sporting: «O Moniz Pereira já prometeu», referiu o atleta, arrancando de imediato sorrisos ao responsável pelo atletismo «leonino».
A boa disposição foi a nota dominante da conferência e nem os directos das três televisões portuguesas que iam repetindo perguntas anulou a simpatia de Obikwelu, que com a medalha de prata ao pescoço traçou um novo objectivo olímpico.