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José Veiga tenta evitar caução de 500 mil euros

O advogado de José Veiga vai interpor hoje um recurso da caução de 500 mil euros aplicada ao ex-dirigente do Benfica no processo sobre alegadas irregularidades no ingresso do futebolista João Pinto no Sporting.

João Correia confirmou à agência Lusa que o seu recurso, a entregar hoje à tarde no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa (TIC), tem por base «o artigo 197, nº 2 do Código do

Processo Penal (CPP)», e pretende evitar que José Veiga pague a terceira maior caução de sempre aplicada a figuras do "desporto-rei".

O artigo 197 nº 2 do CPP refere que «se o arguido estiver impossibilitado de prestar caução (...) pode o juiz substitui-la por qualquer outras medidas de coação, à excepção da prisão preventiva ou de obrigação de permanência na habitação».

Ainda segundo João Correia, que se escusou a revelar «a

argumentação», o requerimento «tem a ver com a impossibilidade de entregar tamanha verba e com a justiça da própria medida e a sua adequação», tendo o juiz um prazo indicativo de «10 dias» para decidir.

Veiga, único arguido e suspeito de burla qualificada, branqueamento de capitais e fraude fiscal, viu ser-lhe aplicada uma caução de 500 mil euros, além do termo de identidade e residência e da entrega do passaporte ao tribunal, após ser ouvido há uma semana, tendo até 05 de Dezembro (15 dias) para entregar a quantia.

Depois do antigo presidente do Benfica João Vale e Azevedo

(cinco milhões de euros, num processo interposto pelo seu antigo cliente Pedro Dantas da Cunha) e do antigo presidente do Vitória de Guimarães Pimenta Machado (um milhão de euros, por uspeitas de peculato e falsificação de documentos), esta é a maior caução aplicada a personalidades do meio do futebol profissional português.

Em causa estarão 3,292 milhões de euros que o Sporting diz ter remetido a uma empresa de direito inglesa, de nome Goodstone, e a mando de José Veiga, que após ser ouvido no TIC acusou alguns dirigentes "leoninos" de mentirem.

Na quinta-feira, foi a vez de o Sporting reagir, por intermédio do presidente Filipe Soares Franco, sublinhando que o clube

cumpriu integralmente o único contrato que assinou com João Pinto e que, em paralelo, houve um acordo para pagar direitos desportivos de 4,190 milhões de euros à Goodstone.

Entretanto, João Pinto, através do seu advogado Alfredo

Castanheira Neves, mostrou-se «disponível e interessado» em prestar esclarecimentos sobre o negócio junto do Ministério Público.

Os factos remontam à madrugada de 01 para 02 de Julho de 2000, quando o antigo capitão do Benfica, após ter sido dispensado pelos "encarnados", acordou a entrada para os quadros do Sporting, onde se sagrou campeão em 2001/02. José Veiga afirma que esteve presente na qualidade de "amigo" do jogador e não como empresário.