«Os portugueses sentem desconfiança das instituições e da solidez do Estado», considerou ontem o candidato presidencial Ferreira do Amaral, em Lagos. Governo e Presidente da República são o mesmo para a população, sublinhou.
O candidato presidencial social-democrata Ferreira do Amaral considerou ontem em Lagos que «neste momento os portugueses sentem desconfiança das instituições e da solidez do Estado, não distinguindo a independência dos órgãos de soberania».
Falando no final de um jantar com apoiantes da sua candidatura, realizado num restaurante desta cidade algarvia, Ferreira do Amaral sublinhou que, «para os portugueses, Presidente da República e Governo é tudo a mesma coisa, porque sentem que há um conluio, um novelo de poder e uma protecção mútua».
«Neste momento, os portugueses sentem desconfiança das instituições e interrogam-se sobre a solidez do Estado, porque há uma ligação que está estabelecida e impede a independência», acusou o candidato social-democrata, defendendo que o maior erro dos últimos anos «foi tentar-se convencer os portugueses que o Presidente da República não tinha poderes e não pode intervir».
Para Ferreira do Amaral, o Presidente da República só pode garantir a autoridade do seu cargo «se demonstrar em todas as ocasiões independência em relação aos partidos políticos e aos outros poderes instituídos, devendo dar sinais que a sua actuação obedece exclusivamente à ligação directa que estabeleceu com os cidadãos e não com ligações partidárias».
Ferreira do Amaral, que se referia concretamente à filiação partidária de Jorge Sampaio ao Partido Socialista, salientou que esta situação «prejudica o exercício do cargo logo desde o início, piorando se o Presidente da República é militante do partido do Governo».
«Ele tem obrigações com o partido que não pode declinar», disse Ferreira do Amaral, referindo que, pelo facto de o Presidente da República ser militante do Partido Socialista, «legalmente António Guterres, primeiro-ministro, pode abrir um processo disciplinar a Jorge Sampaio porque é o secretário-geral do partido do qual o Presidente da República é militante».
«Isto é impensável, está errado e retira confiança aos portugueses», frisou Ferreira do Amaral, que aproveitou a ocasião para tecer duras críticas à actuação do Governo face à situação de crise governamental provocada pela Fundação para a Prevenção e Segurança e a Jorge Sampaio por estar «ausente dos problemas que por vezes alarmam os portugueses».
Nesta deslocação ao Algarve, o candidato social-democrata à Presidência da República visitou os concelhos de Alcoutim, Castro Marim e Tavira e o Hospital Distrital de Faro e reuniu-se em Vilamoura com empresários hoteleiros.
Em Lagos, Ferreira do Amaral jantou com cerca de trezentos apoiantes da sua candidatura, na sua maioria militantes do Partido Social Democrata (PSD) dos concelhos do barlavento algarvio.