A vitória é o único resultado que interessa a Ferreira do Amaral. Em entrevista à TSF, o candidato do PSD às Presidenciais esclareceu que as criticas a Sampaio são «construtivas» e considerou a polémica da FPS «um caso muito grave».
Joaquim Martins Ferreira do Amaral, tem 55 anos e nasceu em Lisboa, licenciou-se em Engenharia Mecânica e é militante do PSD.
Foi secretário de Estado da Integração Europeia e Turismo e ministro do Comércio e do Turismo, mas foi como ministro das Obras Públicas que mais se distinguiu nos governos de Cavaco Silva. Agora, candidata-se à Presidência da República com o apoio do Partido Social Democrata.
Convicto de que é «capaz de preencher esses requisitos» e considerando ter «ideias claras», Ferreira do Amaral não teria avançado com a sua candidatura «se tivesse dúvidas» sobre isso. «A noção que teria o total apoio do Partido Social Democrata», incentivou-o a tomar essa decisão.
Entrevistado na TSF por António José Teixeira e Ana Cristina Gaspar, o candidato dos social-democratas afirma ter sido uma decisão «amadurecida», que «nasce por olhar à volta e verificar que nenhum dos candidatos que se perfilhevam na altura» poderia merecer o seu voto.
Quanto ao cenário difícil que se apresenta com a recandidatura de Jorge Sampaio, Ferreira do Amaral considera que «em Março, era muito mais difícil que actualmente».
«Houve muita gente que pôs mesmo em dúvida se isto era uma candidatura para vingar, face às distâncias que as sondagens apontavam na altura. Hoje, reconheço que não é bem assim, isto é mesmo uma candidatura alternativa (...) reuno de facto à minha volta, neste momento, uma corrente importante do país (...) e sinto-me representante de um eleitorado. Isso, para mim, é o suficiente para justificar uma candidatura».
Apesar das sondagens demonstrarem uma grande diferença entre Ferreira do Amaral e o actual Presidente, o candidato dos social-democratas está confiante «na subida constante e permanente» que se tem verificado. Assim, bastante mais animado do que há uns meses atrás, Ferreira do Amaral «alimenta a esperança» de poder vir a ganhar as eleições.
Só a vitória interessa a Ferreira do Amaral
«Só a vitória» interessa ao candidato social-democrata que considera outro resultado, por melhor que seja a nível de percentagem, como uma derrota.
Mas uma vitória, Ferreira do Amaral já considera ter tido, pelo facto de muitos portugueses verem na sua candidatura uma alternativa política.«A questão essencial para mim era política e não propriamente de contabilidade de sondagens, era se a população me aceitava como representante de um eleitorado que não se reconhece no Partido Socialista».
«Hoje, na realidade, a população vê-me como uma alternativa ao Partido Socialista». Se eu puder manter a confiança desse eleitorado não socialista, tenho boas probabilidades de vir a ganhar», referiu.
Quanto às críticas que tem feito a Jorge Sampaio, o propósito principal desta atitude tem um fim «construtivo», na medida em que o faz para apresentar alternativas e explicar a sua posição em determinadas situações ou questões.
No topo das críticas a Sampaio surge a «ausência dos problemas», como foi a aprovação do Orçamento de Estado. Neste caso, «preventivamente o Presidente da República deveria ter informado qual seria a sua atitude se o desfecho fosse o chumbo do Orçamento».
Segue-se a independência política que deve ser garantida perante os cidadãos, referindo-se ao facto de Jorge Sampaio nunca se ter desvinculado como militante do Partido Socialista durante o seu cargo presidencial.
Por último, mas não menos importante, Ferreira do Amaral aponta a «passividade». «Não acredito que o Presidente possa ser útil sem agir. Um Presidente que só ouve, acaba por não poder moderar, acaba por não poder ser árbitro, porque nada disso se faz sem acção», disse aos microfones da TSF.
Fundação para a Prevenção e Segurança, «um caso muito grave»
Esta é outra situação com que Ferreira do Amaral exemplifica uma conduta menos apropriada do Presidente da República, que ao ser confrontado com a situação, o fez de forma «particularmente infeliz».
A primeira atitude a tomar perante este caso era chamar o primeiro-ministro para que os cidadãos soubessem que este lhe estava a dar satisfações, transmitindo assim confiança aos cidadãos, defendeu.
«Haverá algum português que não esteja chocado com o que se passou?», interroga Ferreira do Amaral, acrescentando que esta é uma «demonstração do Estado no seu pior».
Segurança, Justiça e Saúde, prioridades eleitorais
«Reatar o diálogo com o Governo» é a primeira grande prioridade do candidato «laranja» se for eleito para a Presidência portuguesa, porque, acusa, «o que existe hoje é uma indefinição entre Governo e Presidente da República».
Combater «um país a duas velocidades» dadas as claras diferenças de desenvolvimento entre o Interior e o Litoral; atenuar a insegurança que é «um problema muito grave»; inverter a ideia já generalizada de que a justiça «não funciona bem» e melhorar a saúde, porque apesar de ser um tema sobre o qual já se insistiu bastante «continua a não haver luz ao fim do túnel» são as questões que Ferreira do Amaral garante um especial empenho se for eleito pelos portugueses a 14 de Janeiro.
Nice, «resultado objectivamente mau»
O candidato presidencial referiu-se aos resultados alcançados na Cimeira de Nice, como maus não só para Portugal como para a maioria dos países que perderam votos no Conselho de Ministros. Mas, admite, «não sei se era possível conseguir mais».
Apesar do PSD ter enaltecido o papel do Governo naquela que foi a maior maratona negocial realizada no âmbito da União Europeia, Ferreira do Amaral mostrou-se «cauteloso» sobre o assunto mas, sem querer criar divisões internas no partido em período de campanha eleitoral, não deixou de considerar os resultados «objectivamente maus».
Em jeito de conclusão, Ferreira do Amaral sublinhou que será o «candidato dos não socialistas», abrangendo todos aqueles que, ou não são socialistas ou o são mas estão desiludidos.