Jorge Sampaio esteve reunido com António Guterres para discutir a questão da Fundação. Sampaio afirma que o assunto está a desacreditar a política perante os portugueses. Ferreira do Amaral acha que a reação de Sampaio foi infeliz.
Jorge Sampaio esteve reunido com António Guterres para discutir, no Palácio de Belém, a questão da Fundação para a Prevenção e Segurança que foi debatida, esta tarde, na Assembleia da República.
Ouvido pela TSF o presidente salientou que o assunto é corrosivo e que é preciso esclarecê-lo com rapidez: «Eu espero e faço um apelo à administração geral da Administração do Território e à Procuradoria Geral da República que esclareçam esta questão o mais depressa possível».
Sampaio acrescentou ainda que o ambiente corrosivo em torno da questão descredibiliza a política perante os portugueses: «A assembleia está a fazer um inquérito parlamentar, há pareceres pedidos, o primeiro-ministro tem dados para tomar as decisões que entender mas eu acho que o ambiente de corrosão não deve continuar. Esta questão descredibiliza a política perante os cidadãos. E isso é que me preocupa. Esta questão apagou completamente a Cimeira de Nice. E não saímos disto, na Fundação para a Prevenção Rodoviária».
O candidato à presidência, Ferreira do Amaral, aproveitou a ocasião para criticar Jorge Sampaio. Segundo o candidato do PSD, o presidente foi infeliz e falhou o momento para fazer uma intervenção sobre o assunto: «faltou a tal afirmação de valores do Presidente. Sampaio foi confrontado a pronunciar-se sobre um assunto que já era comentado em todos os lares e falou de forma particularmente infeliz ao dizer que isto era um problema de administração pública. Sampaio devia ter exigido explicações de Guterres porque isso dá aos portugueses uma grande tranquilidade».
No debate que se realizou esta tarde, no parlamento, o primeiro-ministro admitiu a existência de erros na constituição da fundação mas diz estar de consciência tranquila porque não acredita que os dois elementos do governo, Armando Vara e Luís Patrão, que patrocinaram a fundação, tenham agido de má fé: «a minha convicção é que pode ter havido erros e se os erros se provarem agirei como é meu dever político mas estou seguro que Armando vara e Luís patrão agiram de boa fé».
Guterres acredita que nenhum dos envolvidos teve benefícios económicos com a criação da fundação e que o objectivo era apenas o de defender o interesse público: «(Vara e Patrão) estavam a defender o interesse público, não tiveram nenhum beneficio económico com aquilo que realizaram e, segundo as informações que tenho, nenhum dos membros da fundação recebeu um ordenado sequer pelo trabalho que lá desenvolveram».
Guterres considera, por isso, que não há motivos éticos para demitir os dois membros do governo envolvidos na polémica. Mas, durante o debate, Paulo Portas exigiu terminantemente a demissão de Armando Vara e Luís Patrão.