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Jaime Gama confiante no futuro

O ministro dos Negócios Estrangeiros português salientou hoje em Luanda a confiança de Portugal no futuro de Angola. No final de uma visita oficial de quatro dias a Angola, Jaime Gama disse: «há uma grande confiança política fruto de um diálogo permanente entre os dois governos».

O ministro dos Negócios Estrangeiros português salientou hoje em Luanda a confiança de Portugal no futuro de Angola para continuar a cooperar e manter-

se como um dos seus primeiros parceiros de cooperação e de ajuda

pública ao desenvolvimento.

«Continuaremos a manter a nossa confiança no futuro de Angola para cooperarmos e manter Portugal como um dos primeiros parceiros de cooperação e de ajuda pública ao desenvolvimento para com Angola», disse Jaime Gama, acrescentando que o ritmo do investimento privado português em Angola nos últimos quatro anos foi dez vezes maior do que nos quatro anos anteriores.

Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, que falava aos jornalistas no final de uma visita oficial de quatro dias a Angola, «há uma grande confiança política fruto de um diálogo permanente entre os dois governos e também uma confiança reforçada dos investidores portugueses em Angola, que vai

prosseguir em associação com capitais angolanos nesta fase em que em Angola se começa a verificar a emergência de grupos económicos nacionais angolanos».

Para Gama, foi «muito positivo» ter-se chegado a um acordo numa área vital que é das telecomunicações.

Em Março, deverá arrancar uma empresa portuguesa de telefones móveis em Luanda associando a Portugal Telecom e capitais angolanos, naquilo que o MNE considera de «grande significado para a modernização da vida de Angola».

Relativamente à União Europeia, frisou que a acção de Portugal na UE consistirá em continuar a favor de Angola, para que haja «maior compreensão» pela situação do país na comunidade e continue a manter-se um diálogo «muito activo» para que as dezenas de milhar de portugueses que vivem em Angola e as dezenas de milhar de angolanos que vivem em Portugal vejam os seus assuntos «resolvidos», designadamente no plano da segurança social.

«Estamos a trabalhar muito bem e na direcção certa e estamos também muito confiantes no futuro de Angola, na paz, no progresso, na reforma política, económica», afirmou Gama. «Temos a certeza de que Angola vai ser um dos grandes países de África e do mundo no século XXI».

Gama saudou Bush e Powell

Questionado sobre os resultados eleitorais nos EUA, Gama disse que já teve a oportunidade de saudar o presidente norte-americano eleito, George Bush, assim como o novo secretário de Estado indigitado, Colin Powell, e exprimir votos de que a política dos EUA para com a UE se mantenha, tal como para África.

«Temos a certeza que assim vai ser, pois os Estados Unidos da América são uma grande potência à escala internacional e responsável, que nos últimos anos reforçou enormemente a sua participação no sistema das Nações Unidas e, consequentemente, temos a certeza já reiterada pelo próprio embaixador norte-americano em Luanda de que a política dos EUA vai continuar a ter

coerência em relação a África», frisou.

Questões de interesse bilateral

Por seu lado, o ministro das Relações Exteriores angolano, João Miranda, num balanço da visita do homólogo português, salientou que foram discutidas questões de interesse bilateral.

Segundo Miranda, foi avaliada a evolução da cooperação à luz dos compromissos assumidos no Verão passado com a assinatura do Programa Indicativo de Cooperação (PIC), que concluiu da necessidade de se dar um impulso cada vez maior para que a cooperação seja materializada e se desenvolva com efeitos úteis sobre as populações dos dois países.

«Falámos também de outros problemas no âmbito dessa relação bilateral, como a questão dos pensionistas angolanos da ex-administração colonial, sobre a qual concluímos que é necessário trabalhar», disse João Miranda.

Uma equipa técnica de Angola reunir-se-á em Lisboa com técnicos portugueses para se encontrar «o "modus operandi" para que se possa equacionar ou resolver a questão», afirmou João Miranda.

Discoteca Luanda

Segundo o ministro das Relações Exteriores angolano, foram solicitadas pelo seu governo informações a pedido dos familiares das vítimas do atentado de 1999 na Discoteca Luanda em Lisboa.

João Miranda disse que recebeu garantias das autoridades de Portugal de que as investigações têm estado a decorrer normalmente e que vai aguardar o seu desfecho.

«Nem Portugal nem Angola se esqueceram dessa questão que lamentamos todos», garantiu Miranda.

Congo: continua a deterioração

No âmbito regional, foi abordada a situação na República Democrática do Congo, tendo quer a parte portuguesa quer a angolana deplorado a «contínua deterioração» da situação de guerra, disse.

Miranda afirmou que os dois governos manifestaram a esperança de que as iniciativas em curso para tentar sanar a crise congolesa democrática tenham «desfechos profícuos», de forma que as populações da RDCongo possam viver em paz.

«Consideramos que esta visita foi extremamente útil porque marcou mais uma etapa no nosso edifício de consolidação de relações bilaterais e vamos continuar a manter-nos informados, com consultas para que possamos manter a nossa aproximação como tem sido até aqui», acrescentou.

À pergunta de um jornalista sobre se Portugal manifestou algum interesse em investir noutras regiões e não apenas na província de Benguela, onde se deslocou o MNE português, João Miranda salientou que há outras regiões, por exemplo Luanda e Cabinda, em que Portugal aposta «seriamente».

«Pretendo agora dizer, contrariamente àquilo que foi dito por alguma imprensa, não houve rejeição por parte de Angola da possibilidade das empresas portuguesas poderem operar na exploração de petróleo no Bloco-34 do off shore angolano», ajuntou o chefe da diplomacia angolana.

«A manifestação de vontade foi feita e é um problema empresarial que no seu próprio fórum vai ser discutido para que as empresas interessadas encontrem as formas de cooperar nesse sector», afirmou.

Redação