Jorge Sampaio aprovou, quando era deputado do PS a revisão constitucional de 1982 que tirou poderes ao Presidente da República e abriu caminho à desdramatização das presidenciais.
Jorge Sampaio, enquanto deputado do PS, aprovou a revisão constitucional de 1982, que diminuiu os poderes do Presidente da República, abrindo caminho a uma maior estabilidade governativa, mas, também, a uma desdramatização das eleições presidenciais.
Na revisão constitucional de 1982, o PS liderado por Mário Soares e as forças da Aliança Democrática (PSD, CDS e PPM) reuniram mais de dois terços de votos na Assembleia da República para abolirem o Conselho da Revolução, órgão que era presidido pelo chefe de Estado
e apenas constituído por militares.
Com a extinção do Conselho da Revolução, PS e AD criaram em sua substituição o Tribunal Constitucional, onde a Assembleia da República passou a ter o direito de designar 10 dos seus 13 membros.
Apesar de manter o direito de veto político, o chefe de Estado ficou apenas com a competência de suscitar a constitucionalidade das leis, deixando de ter a possibilidade de ser parte activa nestas decisões, tal como acontecia quando presidia ao Conselho da Revolução.
Por outro lado, o chefe de Estado deixou de ter o poder de simultaneamente propor e nomear os chefes militares dos diferentes ramos das Forças Armadas, passando para o Governo a responsabilidade pela elaboração da proposta, em relação à qual o Presidente da República ratifica ou não.
Mas a maior machadada nos poderes presidenciais resultou de uma alteração na parte do texto constitucional sobre o sistema de relações entre a Presidência da República e o Governo, cujas consequências nem sempre foram bem percebidas pela Imprensa de 1982.
PS e AD acordaram que o texto fundamental deveria eliminar o princípio da responsabilidade política do Governo perante o Presidente da República, colocando-se o sistema de relações entre estes dois órgãos de soberania apenas no domínio institucional. Politicamente o Governo passou a responder unicamente perante o Parlamento.
Uma alteração que visou claramente impedir a interferência do chefe de Estado no quotidiano da vida política governativa e parlamentar, tendo como destinatário objectivo o então Presidente da República, general Ramalho Eanes, acusado pelos maiores partidos portugueses de contribuir para o derrube e posterior promoção de diferentes soluções governativas.