António Abreu visitou hoje o Casal Ventoso, passando essencialmente uma única mensagem: a «de se deixar de considerar o toxicodependente um criminoso e passar a encará-lo como um doente».
O candidato presidencial do PCP salientou hoje, durante uma visita ao Casal Ventoso, a importância de se encarar o toxicodependente como um doente e não como um criminoso, para que os programas de recuperação sejam bem sucedidos.
A visita de António Abreu ao Gabinete de Apoio à Toxicodependência do Casal Ventoso, em Lisboa, não passou despercebida aos cerca de 30 toxicodependentes que, de manhã, circulavam em redor da «roullote» de troca de seringas ou viam televisão na sala de convívio.
Entre alguns cumprimentos de boas vindas e frases menos agradáveis, como «agora querem é votos» ou «nós somos é as cobaias», António Abreu inteirou-se, junto dos técnicos, das valências e dos serviços que o Gabinete oferece aos cerca de 250 toxicodependentes que ali são presença regular.
Manifestando o seu apoio ao trabalho desenvolvido pelos técnicos do Gabinete, António Abreu salientou a importância «de se deixar de considerar o toxicodependente um criminoso e passar a encará-lo como um doente».
Para António Abreu, o Presidente da República, «não tendo funções legislativas, deve inteirar-se sobre o nível de cuidados primários, de tratamentos e o ritmo de inserção social» dos que abandonam a droga.
Centro de Acolhimento de Alcântara
António Abreu visitou em seguida o Centro de Acolhimento de Alcântara, com capacidade para 50 camas, todas ocupadas.
Rodrigues Coutinho, médico que trabalha no Gabinete de Apoio, explicou que o Centro recebe alguns toxicodependentes que entraram numa fase de transição com vista a uma possível recuperação. Trinta por cento dos ali internados entraram no primeiro dia, há dois anos, e vão continuar.
Judite Lopes, outra técnica, disse tratarem-se de pessoas «irrecuperáveis», a maioria com doenças infecto-contagiosas, a quem se pretende dar os cuidados de higiene e alimentação.
António Abreu lamentou o «baixo nível de tratamento» e a «fraca capacidade de absorção, ao nível do tratamento, de jovens em situação de toxicodependência».
A visita do candidato do PCP aconteceu um dia depois da ida de Fernando Rosas, do Bloco de Esquerda, ao Centro Social do bairro, onde foi alertado para a possibilidade do projecto de equipas de rua poder acabar por falta de financiamento.
Hoje, Severiano Oliveira, do Gabinete de Apoio à Toxicodependência, assegurou que as equipas de rua vão continuar o seu trabalho.