Edite Estrela confessa que se deixou levar pela emoção quando revelou, ontem, que D. José Policarpo considera que Sampaio já venceu as presidenciais. O Patriarcado sublinha que nada foi dito em público.
Edite Estrela diz que foi a emoção que a levou a revelar uma conversa privada com D. José Policarpo.
Nesta conversa, pelo que conta a autarca, o Patriarca de Lisboa disse-lhe que considera que Sampaio «já ganhou as eleições presidenciais» e que por isso o candidato não se devia «cansar, nem trabalhar muito».
Segundo a Lusa, foi esta a mensagem que D. José Policarpo pediu que a autarca transmitisse a Jorge Sampaio.
Reacções
O director do Gabinete do Patriarcado de Lisboa informa, depois disto, que nada foi dito em público e que não costumam comentar conversas privadas, segundo conta a TSF.
«O senhor Patriarca, em primeiro lugar, não fez quaisquer declarações sobre a campanha eleitoral em curso. O senhor Patriarca foi benzer a Igreja de S. João das Lambas, que é no concelho de Sintra, e encontrou-se de facto com a senhora presidente da Câmara de Sintra, como se encontrou com muita outra gente com quem teve conversas e troca de impressões com carácter absolutamente circunstancial», justifica o Gabinete do Patriarcado à TSF.
«O Gabinete do Patriarca não costuma revelar o conteúdo de conversas circunstanciais e particulares do Patriarca, nem comenta o facto da senhora presidente da Câmara Municipal de Sintra ter decidido rir com uma informação tal como o fez. E é tudo quanto, da parte do Gabinete, eu posso dizer acerca disto», disse em jeito de conclusão.
É desta forma que o Patriarcado de Lisboa reage às declarações feitas por Edite Estrela durante a noite, num jantar de apoiantes de Jorge Sampaio. Portanto, esta conversa poderá ter eventualmente existido, mas foi particular e não era pretendida a sua divulgação pública.
Justificações
Edite Estrela, em declarações à TSF, diz que não quis melindrar ninguém e confessa que se deixou levar pela emoção ao revelar o teor da conversa privada.
«A intenção não era melindrar e obviamente que o senhor Patriarca não comentou publicamente a campanha presidencial», afirmou a autarca.
«Referi como exemplo, não obstante a generalidade dos portugueses considerarem que ele já ganhou as eleições, que ele se comporta como se tivesse a zero votos, como se tivesse pela primeira vez a candidatar e como se a eleição fosse incerta, ou seja, não se acomoda e faz a campanha para chegar a todos os portugueses, para fazer chegar a sua mensagem».
«Aliás», continua, «como também considero que faz o senhor Patriarca em relação aos católicos, também está presente sempre que se justifica, sempre que é necessário, mesmo junto de uma pequena comunidade, como era o caso aqui em Sintra na inauguração da nova igreja».
Quanto às consequências que se previam com a revelação das declarações, Edite Estrela admite que se pode ter deixado levar pela emoção.
«Admito que me tivesse deixado levar pelo ambiente caloroso, fraterno, de grande afectividade e que estivesse a falar apenas para aquelas centenas de pessoas que ali estavam e que gostam do Jorge Sampaio, num clima de amizade, e que me tenha esquecido um pouco de que estavam ali os jornalistas».
Foram estas as justificações de Edite Estrela quanto à revelação da conversa privada com D. José Policarpo, uma conversa durante a qual o Patriarca de Lisboa lhe terá pedido para dizer a Sampaio que não se cansasse muito porque as presidenciais, na opinião de D. José Policarpo, já estão ganhas.