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Contradições nos depoimentos de Morgado e Salvado

Nas actas da Comissão Parlamentar de inquérito às demissões na Polícia Judiciária não há dúvidas quanto às contradições nos depoimentos prestados aos deputados, especialmente nos de Maria José Morgado e Adelino Salvado.

No caso das actas da Comissão Parlamentar de inquérito às demissões na Polícia Judiciária, leitura que agora é possível com os documentos disponíveis, não há dúvidas quanto às contradições nos depoimentos prestados aos deputados, em especial entre Maria José Morgado e Adelino Salvado.

Numa das sessões, o deputado socialista José Magalhães perguntou a Maria José Morgado se havia pessoas envolvidas no caso da corrupção das Finanças que tenham tido uma actuação próxima com a actual ministra da Justiça, enquanto Celeste Cardona foi funcionária das Finanças.

A antiga directora adjunta da Polícia Judiciária não concretizou, mas deu algumas respostas curiosas, começando por afirmar que não podia dar uma resposta taxativa até porque existiam limites para as suas declarações perante a Comissão de Inquérito.

No entanto, não deixou de acrescentar que quando se está a investigar a corrupção nas Finanças ao mais alto nível há sempre uma «imprevisibilidade de alvos a atingir».

Posteriormente disse, mesmo, que «é evidente que quando há angariadores fora que têm relações com escritórios de advocacia, por vezes a investigação tem os seus caminhos caprichosos tanto num sentido como noutro».

«E o processo tem essa eventualidade de atravessar caminhos relativamente a pessoas que nem sequer era previsível no início», acrescentou a ex-dirigente da PJ.

A divulgação das actas mostrou que Maria José Morgado deixou claro perante os deputados que este era um processo ambicioso, em termos de alvos, e que atingia pessoas com responsabilidades dentro da máquina fiscal.

Maria José Morgado, estranhou, também, que o director da Judiciária tenha pedido através de coordenadores, informações circunstanciadas sobre o processo das Finanças, quando afinal Maria José Morgado, sua adjunta, o informava regularmente sobre o que se passava.

Por sua vez Adelino Salvado começou por negar aos deputados que tinha pedido essas informações, depois disse que não se recordava, para finalmente admitir que provavelmente tinha pedido informações.

De acordo com o que Maria José Morgado adiantou aos deputados, esgota-se, em Dezembro, o prazo normal de oito meses de prisão preventiva, se o processo for considerado complexo esse limite pode ir até ao ano e meio.

Embora pessimista a magistrada manifestou desejo de que a PJ obtenha um resultado razoável e compatível com as expectativas do início da investigação e com o grau de meios utilizados no processo.

Segundo Maria José Morgado esta é uma investigação que apontava para níveis da direcção da máquina fiscal com grandes dificuldades de prova, já que envolvia a existência de intermediários fora da máquina fiscal e de angariadores que eram representados por homens que se reformaram das Finanças e abriram escritórios oferecendo os seus préstimos às empresas e às pessoas em dificuldades para resolverem a situação no seio administração fiscal.