Joaquim Chissano está triste pela não solução da questão de Cahora Bassa, mesmo após sete anos de conversações. No seu último dia de visita a Portugal, o presidente de Moçambique fez ainda uma análise a 18 anos no cargo, que abandonará em Dezembro.
O presidente moçambicano considerou «muito preocupante» a situação das negociações relativas à barragem de Cahora Bassa, especialmente pelo facto de ao fim de sete anos de conversações ainda não ter sido alcançada qualquer conclusão.
Durante a sua visita a Lisboa, Joaquim Chissano disse que o problema pode criar um «empecilho» na relação entre Portugal e Moçambique e que a posição dos governos de Durão Barroso e Santana Lopes «criaram a esperança de que a solução deste problema estava mais próxima que nunca».
«A expectativa não se materializou dando lugar ao desapontamento e ao pessimismo. O futuro das relações entre os nossos dois países deve ter horizontes mais amplos que a barragem de Cahora Bassa», afirmou durante um discurso na Assembleia da República.
A exigência de Portugal do pagamento de uma dívida de 1,8 mil milhões de euros a Moçambique tem bloqueado as reuniões entre os dois países, o que obrigou ao recurso a consultores que irão avaliar a capacidade energética da barragem para se definir o montante da indemnização, que possibilite a reversão para os moçambicanos da maioria detida pelos portugueses na barragem.
No seu discurso, Chissano falou ainda no desejo de ver assinado o acordo de cancelamento da dívida com Portugal no quadro dos compromissos do Clube de Paris e fez o balanço de 18 anos de presidência, cargo que vai abandonar em Dezembro.
O ainda presidente de Moçambique falou nos avanços do combate à pobreza, analfabetismo, SIDA, malária e tuberculose, bem como das relações Europa-África, que Chissano espera não virem a ser afectado com o alargamento da União Europeia.
Por seu lado, Mota Amaral assinalou que «Portugal quer estar na primeira linha da ajuda franca ao desenvolvimento de Moçambique» e afirmou que Chissano «fez a justa opção pelo merecido repouso do guerreiro».
«O seu afastamento voluntário testemunha a esclarecida visão de um homem de estado ciente das vantagens do rejuvenescimento dos quadros dirigentes», concluiu o presidente da Assembleia da República.
Joaquim Chissano termina o seu segundo e último dia da sua visita oficial a Portugal com um encontro com Santana Lopes, onde a questão de Cahora Bassa deverá ser analisada, e com representantes da comunidade moçambicana.