José Saramago, militante comunista, defende caminhos de renovação para o PCP. O Nobel da Literatura, em declarações à TSF, considera que o partido tal como está não pode continuar.
Saramago é da opinião que é preciso entender o tempo em que se vive, para saber que as «batalhas de hoje» são diferentes e não podem ser combatidas com «armas de ontem».
«É preciso sair de uma tendência para uma certa glosa de ideias que não quero dizer que sejam válidas, mas que na formulação estão bastante cansadas. É preciso entender o tempo em que se vive», acrescentou Saramago.
O Nobel da Literatura considera ainda que Carlos Carvalhas nem sempre deixou marcas totalmente positivas durante os 12 anos de liderança no PCP e sugere uma reflexão profunda aos militantes comunistas, que não devem esquecer a auto-crítica.
Saramago disse ainda encarar como natural a hipótese de Jerónimo de Sousa ser o novo secretário-geral dos comunistas com «sobretudo se o Congresso assim o entender».
O renovador comunista João Semedo concorda com Saramago e diz que anecessidade de mudança no partido é visível, pois o PCP está a perder «influência na sociedade e nas urnas».
«Por ser uma voz autorizada é importante que mais uma vez se assinale que o pensamento do PCP se deixou esclerosar-se. Está prisioneiro de um dogmatismo que o encosta a uma parede e a um beco sem saída», afirmou.
Para este renovador do Porto, «os últimos anos da vida do PCP são a demonstração da incapacidade dos seus dirigentes de renovarem a sua prática e pensamento político, o que resultou na fragmentação e diminuição da base política e orgânica do partido».